Embaixadores e imprensa internacional rejeitaram as alegações falsas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro, atacando a credibilidade das urnas eletrônicas e de juízes do STF, assacadas em reunião no Palácio do Planalto com cerca de 40 embaixadores alguns convidados um ou dois dias antes e que decidiram ir por questão diplomática pois negar-se a ir seria uma descortesia, como afirmaram alguns dos presentes.
O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, fez questão de se manifestar nas redes sociais para dizer que espera que a próxima eleição presidencial “celebre a democracia e as instituições”.
“Participei hoje no Palácio da Alvorada do encontro do Presidente da República com Chefes de Missão Diplomática. No ano do Bicentenário do Brasil, desejamos ao povo brasileiro que as próximas eleições sejam mais uma celebração da democracia e das instituições”, publicou o embaixador suíco.
A embaixada norte-americana divulgou comunicado oficial destacando confiança nas “instituições democráticas brasileiras”.
Destacou ainda que o Brasil “tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores”.
Quanto ao sistema eleitoral em si o documento norte-americano enfatiza que “as eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.
Entre os jornais norte-americanos, o The New York Times entrevistou dois embaixadores que pediram anonimato, mas, segundo o periódico, disseram que “muitos diplomatas ficaram abalados pela apresentação de Bolsonaro, incluindo a sugestão de que o caminho para garantir eleições seguras seria através do envolvimento maior dos militares brasileiros”.
“Estes diplomatas saíram preocupados de que Mr. Bolsonaro estava preparando o terreno para tentativa de negar os resultados das urnas se derrotado”.
Com base nestas informações, o NYT destacou que os diplomatas estrangeiros foram convocados “para lançar dúvida sobre as eleições, alimentando temores” de que contestará a votação —que, pelas pesquisas,”perderá de forma esmagadora” em outubro.
Diversos jornais e agências de notícias destacaram as investigações movidas pela Polícia Federal do Brasil que atestaram que as urnas nunca foram violadas por ataques de hakers e que nunca foi possível alterar votos de brasileiros durante as duas décadas de uso das urnas eletrônicas.
É o que destaca o NYT, dizendo que as alegações de Bolsonaro sobre acesso de hakers a urnas eletrônicas para mudar votos é falsa. A Polícia Federal “declarou que hakers não conseguiram acessar as máquinas ou mudar totalizações de votos”, diz a reportagem.
Outro veículo nova-iorquino, o portal Bloomberg, chegou a denunciar que Bolsonaro “refez velhas e desmascaradas teorias de conspiração sobre a segurança do sistema que o Brasil vem usando há mais de duas décadas”.
A reportagem do portal foi a postagem mais lida durante todo o dia de segunda-feira, 18.
Já a Associated Press enfatizou que “o presidente brasileiro apresentou alegações sobre supostas vulnerabilidades, que as autoridades eleitorais já desmascararam repetidamente”.
Jornais por toda a região contestaram a fala dele contra a credibilidade do pleito, a exemplo dos argentinos Clarin e Página 12, do mexicano La Jornada e do chileno La Tercera.
O inglês The Guardian foi mais enfático e destacou “alegações infundadas” e “reivindicações sem fundamento” de Bolsonaro aos diplomatas e concluiu que “fracassa sua tentativa de desacreditar o sistema eleitoral diante dos embaixadores”.
O NYT também traçou paralelo entre as atitudes demonstradas por Bolsonaro com relação ao sistema eleitoral brasileiro com a frustrada tentativa de golpe de Trump com a invasão do Capitólio, pela qual é investigado pelo Congresso dos Estados Unidos: “A menos de três meses das eleições presidenciais, Mr. Bolsonaro parece aderir ao desenho do presidente Donald Trump antes das eleições nos EUA de 2020. Assim como Mr. Trump, Mr. Bolsonaro está atrás nas pesquisas”.
Ao final de sua deblateração contra as eleições brasileiras, Bolsonaro passou pelo constrangimento de um silêncio geral da parte das dezenas de embaixadores, silêncio só rompimento após alguns minutos por acólitos do presidente presentes ao ato.