Empresa avança também no apoio logístico com parcerias tecnológicas que permitiram o desenvolvimento de aparelho simulador de voo e uma estação de instrução de última geração
A fabricante brasileira de aeronaves, Embraer, a terceira maior empresa do setor no mundo, anunciou, na sexta-feira (1), que as aeronaves C-390 Millennium, fornecidas para a Força Aérea Real da Holanda, terão soluções de treinamento para o avião multimissão garantidas pela tecnologia da companhia brasileira. Em parceria com portugueses e alemães, a Embraer desenvolveu um simulador de voo completo e uma estação de instrução.
A Embraer vem ocupando espaços deixados pela Boeing, empresa americana que vive uma grave crise e demitiu, recentemente, 17 mil trabalhadores. A empresa brasileira já vendeu 41 aeronaves KC-390 Millennium para várias partes do mundo. A ser mantido o ritmo atual de novas encomendas, a Embraer pretende dobrar a produção anual do seu principal produto de defesa, o avião de transporte multimissão KC-390 Millennium, até 2030.
A companhia explica que o simulador de voo do KC-390, com qualificação de nível D, lançado recentemente, inclui a operação em condições normais e de emergência, pacote para suporte em operações militares e conta com mais de 350 simulações de situações anormais e emergências. Além disso, o simulador tem fácil manutenção e é confortável para o treinamento de pilotos.
Segundo a Embraer, além da Holanda, Brasil, Portugal e Hungria serão os países que já podem utilizar esse equipamento, que permite a prática segura de manobras e procedimentos de emergência, assim como outras condições adversas de voo, com custos reduzidos e sem riscos à operação.
O KC-390 é a mais moderna aeronave de transporte tático militar de nova geração, e sua plataforma multimissão oferece mobilidade incomparável, aliando alta produtividade e flexibilidade de operação a baixos custos operacionais, o que é uma combinação imbatível.
O KC-390 pode transportar mais carga (26 toneladas) em comparação com outras aeronaves militares de carga de médio porte e voa mais rápido (470 nós) e mais longe, sendo capaz de realizar uma ampla gama de missões como transporte e lançamento cargas e tropas, evacuação aeromédica, busca e resgate, combate a incêndios e missões humanitárias.
Ele opera em pistas temporárias ou não pavimentadas (ou seja, incluindo terra compactada, solo e cascalho). Em sua versão de reabastecimento, a aeronave já comprovou sua capacidade de reabastecimento aéreo, assim como aeronave recebedora de combustível de outro KC-390 a partir de pods instalados sob as asas, sendo a única aeronave no mundo no segmento a realizar tal operação.
A parceria tecnológica da Embraer com a portuguesa ETI e a alemã Rheinmetall tem aprimorado os serviços prestados pela empresa brasileira de aviação aos seus clientes. A frota atual de aeronaves C-390 em serviço acumulou mais de 15.000 horas de voo em todo o mundo. Além da Holanda, o C-390 foi selecionado pela Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Hungria, Portugal e República Tcheca.
A estação de instrução para o loadmaster (pessoa responsável por cuidar da carga, carregamento/descarregamento, etc) fornecerá treinamento amplo nos procedimentos de loadmaster, da função de loadmaster para tripulações de voo e outros usuários. Ela utilizará uma tecnologia de representação visual de última geração para fornecer uma visão interna do compartimento de carga e uma visão externa de toda a aeronave.
Carlos Naufel, Presidente da Embraer Serviços & Suporte, disse: “Os novos dispositivos de treinamento fornecidos são um marco significativo em nosso relacionamento de longo prazo com a Força Aérea Real da Holanda. Trabalhando com essas parcerias, a Embraer está focada em fornecer as melhores soluções de treinamento da categoria demandadas por nossos clientes. Criamos essas soluções sob medida, cuidando de cada detalhe necessário para a Força Aérea Real da Holanda. Esperamos aprofundar ainda mais o nosso relacionamento nos próximos anos.”
O avanço da Embraer tem sido possível graças ao apoio do banco de fomento nacional, o BNDES. Este ano o banco financiou a exportação de 32 jatos E175 da Embraer à American Airlines. A operação, da ordem de R$ 4,5 bilhões, ocorreu por meio do BNDES Exim Pós-embarque, linha de crédito direto do Banco para comercialização de bens nacionais destinados à exportação. Os financiamentos do BNDES complementam o financiamento provido pelo mercado privado e possibilitam à Embraer concorrer no mercado externo em igualdade de condições com suas concorrentes.
O anúncio do financiamento foi realizado em cerimônia na sede da Embraer em São José dos Campos, interior de São Paulo, que teve a participação do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, do Vice-Presidente Geraldo Alckmin, do Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, entre outras autoridades.
Durante o anúncio, o presidente Lula se emocionou com o sucesso da empresa. “Desde quando eu era presidente do sindicato nos anos 80, a Embraer é motivo de orgulho nacional. Não é sempre que o BNDES tem coragem de emprestar R$ 4,5 bilhões para financiar avião. Isso é decisão política, que é tomada pelo governo. Vamos continuar a financiar as exportações brasileiras, porque assim a gente também financia emprego, salário, acúmulo de conhecimento tecnológico e inteligência”, disse Lula.
“O BNDES é o maior parceiro da Embraer e já apoiou a exportação de mais de 1.300 aeronaves desde 1997. São financiamentos que ultrapassam a soma de US$ 25 bilhões ao longo dos anos. A manutenção desse apoio, no governo do presidente Lula, contribui para que a empresa brasileira continue sendo uma das três maiores do mundo em produção de aviões, gerando empregos qualificados e renda no Brasil”, afirmou o presidente do Banco, Aloizio Mercadante, na ocasião.
Além de exportações, o BNDES apoia a Embraer no plano de investimentos em inovação. Em fevereiro deste ano, o Banco aprovou financiamento no valor de R$ 500 milhões, por meio do BNDES Mais Inovação, para a empresa desenvolver novos produtos, processos e tecnologias digitais para ganhos de eficiência, produtividade e, também, para mobilidade aérea sustentável, com foco em transição energética e redução das emissões de carbono.
“O BNDES tem compromisso com a inovação na indústria aeroespacial nacional para torná-la cada vez mais competitiva e sustentável, e com capacidade de ampliar os mercados e desenvolver novas tecnologias, alinhado com o Plano Mais Produção do governo federal, no eixo de indústria mais exportadora e inovadora com foco em produtos de maior valor agregado”, explica o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior, José Luís Gordon.
O mais próximo concorrente do KC-390 é o Hercules C-130J da Lockheed.
A Boeing não produz aviões que possam concorrer com o KC-390.
Bom dia!!
A reportagem precisa ser corrigida, pois a aeronave que o KC390 está competindo diretamente com o C130 Hércules, que não é fabricado pela Boeing.
É verdade, leitor. Por isso, mudamos o título. E obrigado por nos chamar a atenção.