“Bolsonaro não tem nenhum sentimento de humanidade, de empatia”, lamentou o governador Rui Costa. “Se não fosse trágico, era piada”, acrescentou Costa sobre o cinismo da “comitiva”
Jair Bolsonaro se deslocou até a Bahia no domingo (12) após a tragédia que se abateu sobre a região Sul do Estado. Diversos municípios ficaram ilhados pelas chuvas e quase 70 mil pessoas foram afetadas, segundo o Corpo de Bombeiros.
Esperava-se que houvesse uma ajuda concreta às vítimas por parte do governo, mas o que se viu foi uma encenação eleitoreira patética feita por Bolsonaro e sua comitiva.
De acordo com informações da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), 30 cidades estão em situação de emergência. Vilarejos e povoados da região ficaram ilhados por causa da chuva, o que dificulta o acesso dos bombeiros. Bolsonaro sobrevoou a área, mas não ajudou ninguém, só deu ‘tchauzinho’ e acenou para as pessoas desabrigadas.
Além de provocar aglomeração, nem o presidente, nem os ministros utilizavam máscara de proteção individual, medida contra a Covid-19 recomendada pelas autoridades sanitárias. A maioria dos apoiadores também não usava o item de proteção.
Já se sabia que Bolsonaro não tem nenhuma empatia com o povo e que está se lixando para os problemas vividos pela população. Nunca se solidarizou com ninguém durante a pandemia, mas assisti-lo acenando em carro aberto, tirando selfies com apoiadores e fazendo transmissões ao vivo nas redes sociais em plena tragédia, passou de todos os limites. Ao invés de solidariedade, o que se viu foi puro oportunismo.
Visando apenas os seus mesquinhos interesses, o mandatário usou o desastre e o drama das milhares de pessoas que perderam todos os seus bens para atacar o governador do Estado numa disputa menor e sem nenhum cabimento. “Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, inclusive o da Bahia, fecharam o comércio e obrigou o povo a ficar em casa”, declarou.
Bolsonaro não está satisfeito com os mais de 616 mil mortos da pandemia provocados pelo seu descaso e sua negligência. Ele queria mais aglomerações, menos máscaras e menos vacinas, ou seja, na prática, mais mortes. Por isso, suas críticas ao governo do Estado da Bahia.
Foram os governadores que venceram a sua sabotagem às vacinas e às medidas sanitárias contra o vírus. Foram eles que impediram que a tragédia fosse ainda maior. Se dependesse só da estupidez e do negacionismo de Bolsonaro, seria implantada no Brasil a “imunidade de rebanho”, ou melhor, a infecção generalizada da população para, segundo o “capitão cloroquina”, haver o desenvolvimento de uma “proteção natural”.
A tese, considerada genocida, foi repudiada no mundo inteiro, mas Bolsonaro insistiu nela o tempo todo, e segue brigando por ela até agora. Por isso ele volta a atacar as vacinas e os demais cuidados contra a disseminação do vírus. Não bastasse as aberrações ditas por Bolsonaro contra os baianos e os brasileiros durante seu show midiático eleitoral no sul da Bahia, ele ainda mandou seus capangas espancarem repórteres que cobriam a viagem.
O governador Rui Costa lamentou o “ato político” do presidente no meio da enchente. “Bolsonaro não tem nenhum sentimento de humanidade, de empatia”, afirmou. Ele chamou de “ridícula” o anúncio da liberação do FGTS (Fundo de Garantia e Tempo de Serviço) à população afetada pelas enchentes. “Se não fosse trágico, era piada. O FGTS pertence ao cidadão. O que ele está liberando é dinheiro do cidadão”, criticou Costa, cobrando mais ajuda do governo federal.