
Parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) visitaram, na última quinta-feira (15), o prédio da estatal Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), onde o diretor-presidente da instituição, almirante Edésio Teixeira, anunciou a construção de 10 novos navios a partir de um investimento de R$ 35 milhões cada.
“A primeira embarcação será construída pela empresa, e a Marinha buscará os demais recursos ao longo do projeto. O navio terá que ser construído no Rio e ter, no mínimo, 50% de produto nacional”, explicou o almirante.
Segundo o almirante, o projeto poderá gerar cerca de 600 empregos diretamente e dois mil de forma indireta no estado. “Vimos que o Rio de Janeiro é o estado brasileiro que tem as melhores condições para desenvolver a economia do mar. Vamos iniciar um acordo de cooperação com a Marinha do Brasil para começarmos os estudos para a contratação do primeiro navio patrulha, que será feito obrigatoriamente no Rio.
Durante a reunião entre os parlamentares e dirigentes da empresa, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT) destacou a importância das ações para contribuírem para a geração de emprego e renda. “Nossa dificuldade no Parlamento é sempre estruturar a economia do Rio. Em 1985, tínhamos 540 mil empregos, hoje temos 341 mil. Temos um potencial imenso, em outubro produzimos mais de 80% do petróleo do Brasil. Parabenizo esse projeto, pois estão pensando em um cluster, estão bem estruturados, precisamos dar atenção a esse tema que tem um grande potencial”, afirmou.
O deputado Luiz Paulo (PSD) enfatizou o papel fundamental da indústria do mar para a economia fluminense.
“Precisamos, no próximo governo, reativar imediatamente a indústria naval. Para isso, precisamos de regras para que não haja o afretamento vertiginoso feito principalmente pela Petrobras até mesmo para manutenção das embarcações”, disse.
Também estavam presentes na reunião o ex-comandante da Marinha do Brasil, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior; o diretor técnico-comercial da Emgepron, vice-almirante Flávio Macedo; o presidente do Sindicato Nacional de Materiais de Defesa (SIMDE), Carlos Erane; o presidente do Conselho de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Frederico Aguiar; o professor da Escola de Guerra Naval, Thauan Santos; o assessor acadêmico da Escola de Guerra Naval, comandante André Beirão; a pesquisadora da UFRJ, Laurelena Palhano e o diretor-presidente do Cluster Tecnológico Naval, almirante Walter Lucas da Silva.
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) publicou o Panorama Naval no Rio de Janeiro 2022, que traz o cenário atual e análises que traduzem o potencial futuro para a indústria naval.
Integrado ao estudo, o ambiente virtual com dados dinâmicos no site da Firjan destaca os projetos com pedidos de licenciamento ambiental para eólicas offshore. Eles somam 169,43 GW de capacidade, sendo 27 GW no estado do Rio, que podem se reverter em oportunidades para a indústria naval.
Sergio Bacci, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), explica que “A expectativa é de que, num horizonte de cinco anos, o segmento de eólicas offshore esteja aquecido e demandando novas oportunidades para a indústria naval nacional. Esperamos demandas de barcos de apoio para a instalação de torres eólicas e, também, que as torres possam ser construídas nos estaleiros brasileiros, gerando obras marinha emprego e renda”.
Os empregos em estaleiros mostram uma retomada no patamar de 2014, evidenciando a necessidade de fortalecer o mercado. Já o segmento de manutenção e reparo se destaca com crescimento de 150%. Uma perspectiva são as encomendas de 18 unidades estacionárias de produção (UEPs) até 2027.
“Sendo assim, oportunidades para a indústria naval, que vão do já tradicional petróleo e gás fluminense e começam a surgir novos mercados com a eólica offshore”, avalia Fernando Montera, coordenador de Conteúdo Petróleo, Gás e Naval da Firjan.
“É preciso diversificar a operação com cooperação entre os agentes envolvidos para gerar emprego e renda e evitar impactos ambientais”, afirma Laurelena Palhano, pesquisadora da SAGE/Coppe-UFRJ.
Já o vice-almirante Edesio Teixeira Lima Junior, diretor-presidente da Emgepron e vice-presidente do Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro, enumerou os projetos em curso pela Marinha do Brasil.
As fragatas são investimentos feitos no estaleiro de Santa Catarina, pelo Consórcio Vencedor, e o Navio de Apoio Antártico, no Espírito Santo.
Já a construção de 10 navios patrulha será realizada no Rio de Janeiro, no Arsenal de Marinha ou no estaleiro de Itaguaí. O apoio marítimo, atividade chave para todo mercado naval, tem 91% da frota que atua no país em 2022 com embarcações de origem brasileira, de acordo com Laira Vanessa, assessora do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação (Syndarma) e da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM).
“A Petrobras, por exemplo, está para colocar a licitação de 50 embarcações de apoio marítimo”, disse.

As características técnicas básicas do NPa 500 projetado são:
Dimensões:
Comprimento Total: 58,9 metros;
Comprimento entre perpendiculares: 55,2 metros;
Boca Máxima: 9,0 metros;
Calado Máximo: 2,5 metros;
Pontal: 5,2 metros; e
Altura do mastro: 10,4 metros;
Deslocamento: Deslocamento carregado: 564 toneladas; Deslocamento leve: 455 toneladas; e Deslocamento padrão: 498 toneladas;
Velocidades: Velocidade Máxima Mantida: 21,7 nós; e Velocidade de Serviço: 13 nós;
Propulsão: Diesel Simples: 2 motores com 2 linhas de eixo;
Raio de Ação: A 13 nós (Velocidade de Serviço): 3.000 milhas náuticas;
Autonomia: 20 dias;
Capacidade: 35 tripulantes + 8 destacados com acomodações específicas para 27% da tripulação do gênero feminino;
Estrutura: Casco de Aço e Superestrutura de Alumínio;
Capacidade de Energia: 2 geradores (300KW) e 1 gerador de emergência (163KW);
Sensores: Alça optrônica, radares de busca combinada e de navegação;
Armamento: Canhão de calibre até 40mm e 2 metralhadoras com conteira e elevação automáticas;
Notação de Classe RINAMIL2017
Categoria: “Second Line Ship”;
Serviço: “Patrol Ship”;
Navegação: “Offshore Navigation”;
SEA-KEEP-WEAP 3H (condição de mar para a operação do armamento); e
SEA-KEEP-RAS 2M (condição de mar para efetuar reabastecimento no mar);
Notações Adicionais
MARPOL I, IV e V.