“Nem o emprego formal conseguiu escapar de grave crise. Segundo o IBGE: -12% em jun-ago/20 e -10,3% em set-nov/20 ante os mesmos períodos do ano anterior”
“O fim do auxílio emergencial, que leva as pessoas a buscarem uma vaga no mercado de trabalho, é de se esperar que a taxa de desemprego permanece pressionada neste início de 2021”, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Ieid).
Ao analisar a taxa de desemprego, calculada pelo IBGE, divulgada na quinta-feira (28), o Iedi destacou que “nem o emprego formal conseguiu escapar de grave crise”.
“O emprego com carteira assinada declina em alta velocidade, segundo o IBGE: -12% em jun-ago/20 e -10,3% em set-nov/20 ante os mesmos períodos do ano anterior”.
A taxa de desemprego atingiu patamares recordes no trimestre encerrado em novembro de 2020, de 14,1%, muito acima do segundo pior resultado para este período, registrado em 2017.
“As pessoas sem trabalho somam 14 milhões de indivíduos, isto é, cerca de 2 milhões a mais de desocupados em relação a set-nov/19, o que corresponde a um avanço de +18,1%. Este ritmo é o dobro daquele de jun-ago/20: +9,8%, também na comparação interanual”, destacou o Iedi.
O Instituto ressalta que a queda em relação a set-nov/19 foi intensa: -9,4%, o que corresponde a 8,8 milhões a menos de postos de trabalho.
“Também expressiva é a fração da força de trabalho subutilizada, em função do desemprego, mas também do número insuficiente de horas trabalhadas, do desalento, do medo da Covid-19 e de outras impossibilidades, que foram agravadas pela pandemia, com o fechamento de creches e escolas, a necessidade de cuidados de familiares enfermos etc. Ao todo, este contingente chegou a quase 1/3 da força de trabalho”, avaliou.
Para o Iedi, “enquanto o desemprego segue avançando, os sinais de retomada da ocupação são muito incipientes”.
“Em set-nov/20, o crescimento de +4,8% em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior está influenciado positivamente pela sazonalidade do final do ano e pela reabertura de algumas atividades, especialmente de serviços”.
Das 10 atividades econômicas identificadas pelo IBGE, seis apresentaram forte declínio na ocupação no trimestre móvel encerrado em novembro de 2020 frente ao mesmo período do ano anterior, registrando quedas de dois dígitos.
“As exceções couberam a atividades menos atingidas pela pandemia ou até mesmo favorecidas por ela, como a agricultura, os serviços de informação e comunicação e serviços de saúde, educação e administração pública”, apontou o estudo.
DECLÍNIO EM TODAS AS ATIVIDADES
Ocupação total: -7,5% em mar-mai/20; -12,8% em jun-ago/20 e -9,4% em set-nov/20;
Ocupação na indústria: -7,8%; -13,4% e -9,4%, respectivamente;
Ocupação no comércio: -9,4%; -13,6% e -10,4%;
Ocupação na construção: -15,6%; -19,0% e -14,5%;
Ocupação em alojamento e alimentação: -19,5%; -31,4% e -26,7%, respectivamente.
SEM CARTEIRA E “BICOS”
“Quanto ao contingente de ocupados sem carteira assinada, caiu -17,6% em relação a set-nov/19 (-2 milhões de pessoas) e continua liderando as perdas, tal como em trimestres anteriores. Já os conta própria, que representam os chamados “bicos”, registraram perda de -6,7% na mesma comparação (-1,5 milhão)”, apurou o Iedi.
“Juntos, sem carteira e conta própria somados ao trabalho doméstico respondem por cerca de 60% da queda da ocupação em set-nov/20, o equivalente a 5,3 milhões de ocupados a menos do que em igual período do ano anterior”, concluiu.