Estoques industriais apresentaram queda pelo terceiro mês seguido, segundo Sondagem Industrial da entidade
A produção e o emprego na indústria recuaram na passagem de dezembro para janeiro de 2024, segundo indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados nesta quinta-feira (22).
Em janeiro, o indicador de evolução da produção industrial ficou em 48,4 pontos. Com esse resultado abaixo da linha dos 50 pontos, o setor já acumula três meses seguidos de queda em sua produção (novembro a janeiro). No entanto, a entidade afirma que o recuo em janeiro é visto como normal para o período e que o recuo no mês ocorreu de forma mais branda do que historicamente ocorre.
O índice varia de zero a 100 pontos. Acima de 50 indica aumento na produção frente ao mês anterior. Do modo inverso, quanto mais distante dos 50 pontos, maior e mais disseminada é a variação de queda.
Já o índice que mede o emprego na Indústria fechou em 49,4 pontos, ficando também abaixo da linha dos 50 pontos. Desde janeiro de 2023, o índice de emprego vem ficando abaixo da divisão de 50 pontos.
Por outro lado, em janeiro houve queda nos estoques da indústria. Esse foi o terceiro recuo consecutivo do indicador que, segundo a CNI, foi mais intenso no mês passado. “Essa sequência de quedas dos estoques permitiu a eliminação de um excesso de estoques indesejáveis que limitam a atividade industrial”, explicou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
No ano passado, a produção industrial geral conseguiu crescer 0,2% por conta do setor extrativo que avançou 7%. Do contrário, o saldo seria negativo, já que a indústria de transformação recuou -1,0% em 2023, uma queda mais intensa do que em 2022 (-0,4%). A indústria de transformação é responsável por cerca de 85% da indústria brasileira.
Ao longo de 2023 as atividades industriais, principalmente as de maior intensidade tecnológica, continuaram encontrando percalço em suas operações por efeito dos juros, que seguiram e ainda seguem em níveis escorchantes no Brasil, diante da insistência do Banco Central (BC) em reduzir a taxa básica de juros da economia (Selic) a passos de tartaruga, com o fim de manter a sua política de restrição ao crédito e ao consumo por mais tempo.
Para citar como exemplo, a indústria de máquinas e equipamentos – que é um ramo sensível às condições de crédito, obteve mais um ano de resultados ruim em sua produção em 2023, ancorado no ritmo dos investimentos que retraíram -3,4% no ano, segundo o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
“O desempenho de máquinas e equipamentos preocupa, pois vem acumulando quedas ao longo do ano e fechou com retração de 8,5% no ano”, destacou a economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Juliana Trece, ao divulgar os dados do Monitor do PIB/FGV, apontando que a atividade econômica brasileira cresceu 3,0% em 2023. No ano passado, a taxa de investimento da economia ficou em 18,1%, sendo um resultado menor que o registrado em 2022 e abaixo da média histórica (19,2%).