O jornal mexicano “Reforma” publicou reportagem, na terça-feira 24, na qual relata que a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, repassou dinheiro e acompanhou “em tempo real” a campanha eleitoral do presidente Enrique Peña Nieto em 2012, citando como fonte Carlos Fadigas, ex-diretor da companhia.
A matéria se baseia em uma investigação da organização Mexicana Contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI), que aponta que a Braskem interveio “com três transferências de US$ 1,5 milhão para a empresa Latin America Asia Capital Holding”, vinculada a Emilio Lozoya, em 2012, com todas as características de propina. Ex-diretor da Petróleos Mexicanos (Pemex), estatal mexicana do petróleo, Lozoya foi o coordenador da área internacional da campanha de Peña Nieto em 2012.
Rapidamente, o porta-voz da presidência, Eduardo Sánchez, emitiu uma nota tentando desmentir a denúncia. “Entre os anos de 2010 e 2013, período referido na reportagem, o advogado Enrique Peña Nieto se reuniu com muitos empresários nacionais e estrangeiros com investimentos no México, entre eles os diretores da Odebrecht e suas filiais, que naqueles anos era a sétima empresa maior na América Latina, e iniciou operações no México em 1992”, reconhece a nota, fazendo a seguir a alegação – muito conhecida no Brasil – de que “autoridades eleitorais auditaram as fontes de financiamento e despesas exercidas pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI) naquela campanha e verificaram a legalidade das referidas eleições”.
Em agosto, o MCCI já tinha publicado relatórios de uma conta do Meinl Bank na ilha caribenha de Antigua sobre transferências de 3,14 milhões de dólares à Latin American Asian Capital Holding, ligada a Lozoya, ex-diretor de Pemex, que, claro, negou as informações.
De acordo com a transcrição de uma reunião privada com investidores realizada em fevereiro de 2013, da qual a MCCI tem cópia, Carlos Fadigas, ex-presidente da Braskem, comentou que a empresa apoiou em “tempo completo” a campanha do atual presidente mexicano. “Não só dele, mas também de sua equipe”, disse Fadigas, em delação premiada ante a Justiça brasileira na Lava Jato.