Uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público do Maranhão identificou uma organização criminosa suspeita de despejar cerca de 60 toneladas de munição no mercado ilegal do Norte e Nordeste do país.
As empresas, comandadas por dois irmãos gêmeos Wander e Wanderson Israel Batista Carvalho, movimentaram cerca de R$ 3,5 milhões em cinco anos e contava com a participação de um sargento do Exército e de um representante regional da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), segundo as investigações.
No entanto, não é o nome dos criminosos que aparece como proprietários das empresas, mas de laranjas. Entre eles, o carregador Clayton Batista da Silva, que transporta frutas e verduras em um carrinho de mão pelo bairro Mercadinho, região central de Imperatriz (MA).
Silva, segundo a polícia, só tomou conhecimento da existência dos estabelecimentos em seu nome em março, após as investigações, iniciadas em 2019. O suposto esquema utilizava, segundo a polícia, oito empresas (sendo sete de munição) para aquisição de armas e munições de forma legal – inclusive junto à CBC, dona da Taurus – que acabavam repassadas ao mercado clandestino.
O material, comercializado a preço bem mais alto que o praticado, abastecia ao menos em três estados: Maranhão, Piauí e Pará. Era transportado em caminhões com fundo falso, formando, segundo as investigações, um dos maiores comércios ilegais de armas de fogo e munições do país.
Além de Silva, consta na lista dos supostos laranjas a faxineira Francisca Maria Gomes de Morais, de 61 anos. Embora tenha salário estimado em R$ 300 mensais, Francisca comprou mais de R$ 15 milhões em produtos controlados, entre 2018 e 2020, com a empresa Cangaço Materiais para Caça.
Segundo a polícia, diferente de Silva, que desconhecia as empresas em seu nome, Francisca tinha conhecimento da situação. Até foi presa em 2017, durante operação do Exército e da Polícia Civil em uma loja de armas que pertence aos irmãos Carvalho.
Na operação de março deste ano, a faxineira tentou fugir de casa ao perceber a chegada de equipes da polícia e do Ministério Público. Teria pulado o muro dos fundos para esconder documentos e celulares na casa do vizinho – que avisou as autoridades e o material acabou apreendido.
TAURUS
Principal fabricante de armas do país e uma das maiores companhias do setor no mundo, a Taurus alavancou os seus lucros durante o governo Bolsonaro. Em 2021, a empresa comemorou o seu maior faturamento, de R$ 2 bilhões, e um lucro líquido recorde, de R$ 428 milhões.
Ainda, de janeiro a junho de 2018, primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro, a Taurus registrou um faturamento de R$ 329,4 milhões, 109% superior ao mesmo período de 2017. Além disso, as ações da empresa estão entre as que mais se valorizaram em 2021 – 59% de alta no ano, segundo o jornal O Globo.
De acordo com o jornal, antes mesmo da posse presidencial, o valor dos papéis da empresa já tinha disparado. Cotados a R$ 1,70, em janeiro de 2018, chegaram a meados do ano passado no patamar de R$ 20, informa o jornal. Desde a eleição de Bolsonaro, a receita da Taurus cresceu 204,7%, e o lucro, 1.059% até o primeiro trimestre de 2022.