“Essa situação é um grande inibidor para investimentos e compromete a geração de empregos no país, prejudicando, principalmente, a população de menor renda”, diz nota da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, saiu em defesa da redução dos juros no país na reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
“É fundamental que a gente, nesta reunião do Copom, já inicie a redução da taxa de juros no Brasil”, declarou à CNN, após sua intervenção no 4º Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação (FILI 2023), realizado em São Paulo, na terça-feira (20).
A redução do déficit habitacional depende da redução da taxa de juros, segundo o presidente da Abrainc. “Se você não tem a taxa adequada, não há capacidade de compra, as pessoas compram imóvel e utilizam financiamento bancário. por isso a taxa de juros é fundamental”.
Em nota, divulgada ontem, a entidade afirma que com a Selic em 13,75% e a inflação acumulada de 3,94%, os juros reais estão em 9,4% ao ano, estando bem acima do segundo colocado, o México, com 6,6%. “Essa situação é um grande inibidor para investimentos e compromete a geração de empregos no país, prejudicando, principalmente, a população de menor renda”, diz a nota.
“Os atuais gastos do governo com juros são suficientes para construir 3 milhões de novas moradias populares e reduzir significativamente o déficit habitacional de 7,8 milhões de lares”, destaca a entidade.
Eis, abaixo, a íntegra da nota da Abrainc:
“A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) entende ser vital para o desenvolvimento econômico brasileiro a redução da taxa Selic na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
“Atualmente, o Brasil é o detentor dos maiores juros reais do mundo. Considerando que temos uma Selic de 13,75% e que a inflação acumulada de 12 meses (IPCA de maio) foi de 3,94%, temos um juro real de 9,4% ao ano, estando bem acima do segundo colocado, o México, com 6,6%. Essa situação é um grande inibidor para investimentos e compromete a geração de empregos no país, prejudicando, principalmente, a população de menor renda.
Os financiamentos imobiliários do SBPE – que usam recursos da poupança e foram responsáveis pela movimentação de R$ 180 bilhões em 2022 – são fortemente afetados pela Selic em 13,75%, o que inviabiliza a compra de imóveis a milhares de famílias, comprometendo o desempenho de um setor que gera 10% dos empregos formais no Brasil.
Um exemplo de como os juros altos estão corroendo os financiamentos imobiliários é que uma família com renda até R$ 10 mil, que antes conseguiria comprar um imóvel financiado de R$ 470 mil, agora só pode adquirir um imóvel de até R$ 370 mil. Hoje, os juros altos aumentam as parcelas do financiamento em exorbitantes 23%.
A manutenção da Selic em 13,75% também é responsável pelo aumento da inadimplência das empresas. Hoje, 6,5 milhões delas estão negativadas, segundo o Serasa. Há também uma elevação dos aumentos de empresas em recuperação judicial (40%) e de falências (30%).
Por fim, a Abrainc destaca que os atuais gastos do governo com juros são suficientes para construir 3 milhões de novas moradias populares e reduzir significativamente o déficit habitacional de 7,8 milhões de lares.”