
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Claudio Bier, liderando comitiva da entidade, apresentou em reunião com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços , Geraldo Alckmin, em Brasília, as demandas da indústria gaúcha frente à imposição de aumento das tarifas pelo governo dos EUA aos produtos brasileiros.
Geraldo Alckmin foi designado pelo presidente Lula para coordenar junto a empresários, dos mais diversos setores, alternativas para enfrentar o tarifaço. O encontro ocorreu na segunda-feira (21).
O objetivo da reunião foi apresentar os reflexos, na indústria gaúcha, das tarifas de 50% impostas por Trump, presidene dos Estados Unidos sobre produtos industriais, responsáveis por 99% das exportação do estado. A entidade defender a adoção de medidas compensatórias por parte do governo federal, caso a taxação entre realmente em vigor, a partir de 1º de agosto.
“Os impactos já estão sendo percebidos pelos exportadores: clientes estão cancelando encomendas, cargas estão paradas em portos ou em navios no meio do caminho. Essa situação logo vai gerar desemprego, paradas na produção, férias forçadas e todos os efeitos nocivos que conhecemos”, destacou o presidente da FIERGS.
São mais de 1.100 indústrias gaúchas que exportam para os EUA, expressivo 10% do total nacional. Os setores mais expostos empregam 145 mil trabalhadores (21,2% da força industrial do estado), informou a federação.
Na carta entregue a Alckmin, a FIERGS informou estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de que o Rio Grande do Sul será o segundo estado mais prejudicado pelas sanções, com uma estimativa de queda de R$ 1,9 bilhão no seu PIB em um ano.
“Esse dado evidencia um risco real de retração no faturamento, suspensão de investimentos e perda de empregos em cadeias produtivas essenciais para nossa economia. A perda de empregos esperada no Brasil é de 110 mil postos de trabalho, dos quais cerca de 22 mil devem ocorrer no Rio Grande do Sul, segundo nossas estimativas”, diz a carta da entidade.
“A indústria gaúcha tem forte vocação exportadora, com 18,9% de seu faturamento proveniente do mercado externo – acima da média nacional de 16,4%. Os Estados Unidos são nosso principal parceiro comercial no setor de transformação, respondendo por US$ 1,8 bilhão (11,2%) das exportações do RS em 2024”, acentua ainda a Federação.
A FIERGS pleiteou que se priorize a manutenção da atual tarifa, ou busque prorrogação por ao menos 90 dias caso os novos percentuais sejam adotados, e que se evite retaliações ou escaladas comerciais, priorizando uma estratégia de diplomacia empresarial.
Alckmin reforçou que a prioridade do governo é investir no diálogo e nas negociações.
“Ficou claro aqui que o impacto social e financeiro para o Rio Grande do Sul é muito grave, sobretudo quando tivemos conhecimento que 99% do que o estado exporta para os EUA são bens industriais. Precisamos continuar tentando sensibilizar os empresários americanos de que o tarifaço também será prejudicial para os EUA. Vale lembrar que o caminho jurídico também pode ser uma saída, assim como fizeram os empresários brasileiros de suco de laranja que entraram na justiça nos EUA alegando que o tarifaço fere normas comerciais”, disse Geraldo Alckmin.
A carta levada a Alckmin apresentou um conjunto de medidas compensatórias para que as empresas e empresários do estado possam enfrentar a efetivação das tarifas de 50%, como facilitação de crédito e capital de giro para empresas afetadas; incentivos à manutenção de empregos e ações de acesso a novos mercados, entre outras.