Salman, que mandou esquartejar o jornalista opositor Jamal Khashog, confirmou que aceitou o convite feito pelo capitão cloroquina para vir ao Brasil
Depois de proclamar o slogan integralista e de chamar o fascista húngaro Viktor Orban de “meu irmão”, Jair Bolsonaro convidou o príncipe saudita Mohamed bin Salman para visitar o Brasil. Salman foi o mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, esquartejado em 2018 no interior do consulado da Arábia Saudita em Istambul. O jornalista era crítico do governo saudita e tinha ido ao consulado na Turquia para retirar documentos para seu casamento com uma namorada turca.
Segundo fontes do governo, o carniceiro Mohamed aceitou o convite de Bolsonaro e a viagem estaria programada para março. Salman é conhecido no mundo todo por usar medidas violentas para silenciar dissidentes, inclusive no exterior. A Arábia Saudita é uma ditadura feroz, semelhante à que Bolsonaro gostaria de implantar no Brasil. Por várias vezes, Bolsonaro agrediu jornalistas, principalmente mulheres, que diziam a verdade sobre sua desastrosa administração. Se ele pudesse também seria um “esquartejador” de jornalistas.
Já em 2019, Jair Bolsonaro havia falado várias vezes de sua grande admiração pelo esquartejador saudita. Quando de sua visita ao regime árabe, Bolsonaro afirmou por diversas vezes que tinha muita “afinidade” com bin Salman. “Tenho uma certa afinidade com o príncipe. Em especial depois do encontro em Osaka”, referindo-se à reunião dos dois na última cúpula do G-20. E, não escondendo seu capachismo, disse que “todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe”. “Especialmente vocês mulheres, né?”, disse Bolsonaro à época, ao comentar que tinha passado uma tarde com Salman.
A imprensa turca noticiou à época do assassinato que a CIA havia registrado, a partir de um telefonema em que Mohammed bin Salman dava instruções para “silenciar” o jornalista Jamal Kashoggi “o mais rápido possível”, acrescentando que a diretora da CIA, Gina Haspel, havia “sinalizado” a existência da gravação durante uma visita a Ancara, em outubro. Apesar das informações que dispõe, a CIA considerava Mohammed bin Salman como um “bom tecnocrata”, mas o classifica como “volátil, arrogante e explosivo”, segundo o Washington Post.
Jamal Kashoggi foi morto por um grupo de agentes – alguns deles muito próximos ao príncipe herdeiro – no consulado do país em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro. Conforme a agência de espionagem, o embaixador pediu que Khashoggi fizesse os trâmites burocráticos para o seu casamento em Istambul por solicitação do príncipe-herdeiro. E garantiu que nada ocorreria com o jornalista. Ainda não está claro, segundo o jornal, se o embaixador sabia dos planos para assassinar o jornalista na Turquia.
O grau de crueldade do crime deve ter impressionado Bolsonaro. Numa entrevista na década de 90, o mandatário já havia defendido a tortura e disse também que se tivesses chance teria matado 20 a 30 mil opositores. Segundo material publicado pelos jornais norte-americanos, tanto o Washington Post, onde ele trabalhava, quanto o New York Times, a polícia turca teria áudios e vídeos que comprovam o desenrolar dos fatos: a entrada de Khashoggi no prédio, seu interrogatório e sua morte.
O New York Times detalha, como numa horrenda história, daquelas que povoam cenas de filmes de Quentin Tarantino, que depois de morto o jornalista teria sido “esquartejado com uma serra óssea” especialmente trazida para a fase final do desfecho seguida do desaparecimento do corpo do morto. Esse instrumento teria sido utilizado por um “especialista em autópsia” entre os 15 agentes sauditas que desembarcaram no aeroporto de Istambul pouco antes do assassinato e que teriam ido embora em jatos particulares, já com o corpo desmembrado e acondicionado em “malas diplomáticas”.