Pesquisa divulgada no Dia Internacional da Mulher aponta que comprometimento com dívidas é o maior já registrado: 30,6%
Em fevereiro, as mulheres brasileiras tinham 30,6% de suas rendas comprometidas com dívidas, maior proporção já registrada pela Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e divulgada neste 8 de Março. O endividamento entre as mulheres também é maior: 78,8% das brasileiras tinham dívidas em fevereiro, enquanto a proporção entre homens registrada pela CNC foi de 77,2%.
Um percentual de 77,9% das famílias possui dívidas a vencer, como cartão de crédito, cheque especial, carnês, crédito consignado, empréstimos pessoais, cheques pré-datados e parcelas de financiamento.
“As famílias têm reportado um menor volume de dívidas atrasadas, e a renda da mulher na participação do orçamento familiar é fundamental para isso, uma vez que, na maioria das vezes, elas são peças centrais nos lares brasileiros, acumulando múltiplas funções, como profissionais, autônomas, empreendedoras, mães e donas de casa”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
De acordo com o Dieese, com base em dado da PnadC do IBGE do 3º trimestre de 2022, a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres. Dos 75 milhões de lares, 50,8% tinham liderança feminina, o correspondente a 38,1 milhões de famílias. Já as famílias chefiadas por homens somaram 36,9 milhões.
As mulheres também lideram as taxas de desemprego e o desalento – além de terem as rendas proporcionalmente mais baixas do que os homens. Isso explica as taxas de endividamento e a inadimplência serem mais altas entre as mulheres, além de terem uma proporção maior da renda consumida por dívidas.
Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na sexta-feira, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em 2022 a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho foi de 53,3% enquanto a dos homens foi de 73,2%.
A taxa de informalidade entre as mulheres, ou seja, no trabalho sem direitos trabalhistas e com salários mais baixos, é de 39,6%, a dos homens de 37,3%, sendo que para as mulheres pretas ou pardas, o trabalho precário é ainda maior (45,4%). Também em 2022, o rendimento das mulheres foi, em média, equivalente a 78,9% do recebido por homens, ou 21% menor.
Dados do Serasa Experian sobre inadimplência em janeiro deste ano mostram que 50,4% da população com dívidas em atraso eram mulheres, enquanto 49,6% eram homens.
O cartão de crédito continua sendo o principal meio de endividamento geral, com participação de 86,9% no total de devedores em fevereiro – um aumento de 1,2 ponto percentual na comparação com janeiro.