Moradores de diferentes regiões de São Paulo e cidades da Região Metropolitana realizaram protestos frente ao completo descaso da privatizada Enel em relação ao apagão elétrico que atinge a capital paulista e outros municípios do estado. Milhões de pessoas ficaram sem luz na última sexta-feira (11) após uma forte chuva e, mais de 72 horas depois das chuvas, mais de 400 mil residências ainda seguem no escuro nesta segunda.
Na zona sul da capital, a manifestação dos moradores era realizada perto do número 4.200 da Estrada do Campo Limpo. Moradores reclamavam da demora no restabelecimento e dos prejuízos decorrentes da falta de energia. Na Lapa, na Zona Oeste, o protesto se concentrou na rua Tomé de Souza.
Moradores do Grajaú e de Parelheiros, na Zona Sul da capital paulista, também protestaram contra a falta de luz e a inércia da Enel e do prefeito Ricardo Nunes em fornecer solução para o problema.
Em São Bernardo, um grupo de moradores se colocou sobre a pista e usou obstáculos para obstruir a antiga Estrada Velha de Santos nos dois sentidos, na altura do Bairro Capelinha. Além dos carros e caminhões, linhas intermunicipais e de ônibus que operam no município foram afetadas.
No fim da tarde deste domingo (13), protestos de moradores já haviam sido realizados em São Bernardo. O primeiro ato ocorreu no início da tarde, na Avenida Maria Servidei Demarchi, quando moradores do Terra Nova fecharam uma pista. O grupo com cerca de 15 pessoas levou cartazes, caixa de som e panelas para chamar a atenção da situação no bairro, que ficou sem energia após um pinheiro derrubar a fiação elétrica. De acordo com informações dos moradores, a previsão dada para restabelecimento no local era de até quatro dias úteis.
A outra manifestação foi realizada por moradores do bairro Santa Tereza, no Rodoanel Mário Covas, no sentido Régis Bittencourt. No início da noite de ontem, a via, próximo ao km 65, ficou fechada e chegou a registrar congestionamento, segundo a SPMar, responsável pela administração do trecho.
Não há prazo para o restabelecimento total do serviço. O Ministério de Minas e Energia deu prazo de três dias, contados a partir desta segunda, para que a Enel resolva os problemas de maior volume relacionados ao apagão em São Paulo.
JUSTIÇA
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP) vai ajuizar na terça-feira (15) uma ação contra a Enel pelo apagão que atinge a capital paulista. A entidade cobrará cerca de R$ 20 mil por estabelecimento afetado em indenização à falha na distribuição de energia elétrica.
A ação coletiva se restringe aos cerca de 5 mil associados da Abrasel-SP. O pedido total ficaria, portanto, na casa dos R$ 100 milhões por danos morais.
A cidade de São Paulo tem cerca de 155 mil estabelecimentos entre bares, restaurantes e similares. A associação estima que cerca de 50% deles foram afetados e tiveram prejuízo com a falta de energia. A perda mínima calculada é de R$ 10 mil.
Advogado especialista no setor e diretor institucional da Abrasel-SP, Percival Maricato indica que a ação coletiva vai requerer indenização por dano financeiro e moral para cada estabelecimento associado.
O dano moral pleiteado é de R$ 20 mil por restaurante ou bar associados, e o dano financeiro será calculado por cada estabelecimento.