O presidente Lula embarca no início da noite deste domingo (22) para a Argentina em uma viagem de quatro dias que inclui, além de encontro com o presidente argentino, Alberto Fernández, participação na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e ainda uma visita ao Uruguai.
As primeiras agendas internacionais do presidente Lula, após a sua posse, marcam a retomada das relações com países que deixaram de ser prioridade ao longo do governo Bolsonaro. Segundo o Itamaraty, a relação bilateral com a Argentina foi “subaproveitada” neste período.
No encontro com Fernández, na segunda-feira (23), o foco será a cooperação entre os dois países nas áreas de saúde, integração financeira, soberania energética, ciência e tecnologia. Um acordo de cooperação técnica e científica envolvendo as estações dos dois países na Antártida também estará na pauta.
Os presidentes também devem discutir o impulsionamento das negociações sobre um gasoduto entre Argentina e Brasil.
O secretário das Américas do Itamaraty, embaixador Michel Arslanian Neto, disse que a relação bilateral com a Argentina foi “subaproveitada” no governo Bolsonaro e que, agora, há “urgência” em se fazer avançar temas de interesse dos dois países.
“É claramente uma relação que esteve subaproveitada, e agora há um sentido de urgência de colocá-la em marcha forçada, no sentido positivo, em direção aos vários objetivos que nos unem”, disse.
Sobre o gasoduto, o embaixador afirmou que a “integração gasífera” com o país vizinho deve ser um dos principais eixos da discussão.
“As conversas estão em curso, e coisas podem acontecer durante a visita”, disse. “Há um propósito muito claro das equipes dos dois países, com impulso no mais alto nível para avançar em termos de integração elétrica e gasífera”, acrescentou.
Após o encontro oficial com Alberto Fernández, na terça-feira, Lula participa da reunião da VII Cúpula de Presidentes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o que marcará a volta do Brasil ao bloco, depois de estar fora durante o governo Bolsonaro.
A Celac, que é formada por 33 países, objetiva fomentar a cooperação para o desenvolvimento e o debate político na região.
Ao final da cúpula, os chefes de Estado devem assinar a “Declaração de Buenos Aires” sobre temas como segurança alimentar e integração energética da região, além de declarações temáticas sobre energia nuclear, sustentabilidade dos oceanos, combate ao tráfico de drogas e armas, entre outros.
A declaração também deve trazer uma manifestação conjunta em apoio à reivindicação da Argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas.
De Buenos Aires, Lula seguirá para Montevidéu, também em visita oficial, mas a agenda do presidente no Uruguai ainda não foi detalhada.