A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, calculado com base em uma cesta de consumo de famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos, apurou uma variação de preços de 0,44% em maio.
Foi o maior índice para um mês de maio desde 2016, então de 0,86%, ainda que 0,16 ponto percentual abaixo da taxa de abril, que foi de 0,60%. No ano já atingiu 3,27% e mais grave, nos últimos 12 meses o índice atingiu o percentual de 7,27%. A maior taxa em quatro anos e meio.
A prévia da inflação de maio registrou alta em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. O maior impacto (0,16 p.p.) veio de Saúde e cuidados pessoais (1,23%), que acelerou em relação a abril (0,44%). Os grupos Habitação (0,79%) e Alimentação e bebidas (0,48%) também tiveram variações superiores às de abril (0,45% e 0,36%, respectivamente).
Se os preços dos alimentos continuam pesando no bolso do brasileiro, os maiores aumentos na prévia da inflação ficaram por conta dos preços administrados, como os serviços de utilidade pública, derivados de petróleo e medicamentos.
Os destaques no mês ficaram com os produtos farmacêuticos (2,98%), que tiveram reajuste autorizados pelo governo de 10,08% nos medicamentos a partir de 1º de abril; a alta da energia elétrica (2,31%) com a bandeira vermelha, que teve o maior impacto individual no índice do mês (0,10 p.p.) e o gás de cozinha (1,45%), que subiu pelo 12º mês consecutivo.
As variações vão bastante além das estimativas do mercado e do governo. Esta última expressa no estabelecimento da meta de 5,25% para todo o ano de 2021. Em abril, o indicador acumulado em 12 meses já estava em 6,17%.
O IPCA, assim como os demais índices de preços ao consumidor, vem traduzindo agora o violento aumento de alguns produtos no atacado, que o Índice Geral de Preços (IGP) da FGV ou seu similar IGP-M vem indicando há vários meses. Nos últimos 12 meses, até abril, o IGP-M teve um aumentou sinistro de 32,02%. Ninguém disse que o índice estava errado, e não está.
No acumulado em 12 meses até abril, o óleo de soja teve avanço de 82,34% e o arroz, de 56,67%. Entre produtos que têm maior peso na composição do IPCA, é preciso destacar a disparada nos preços das carnes e dos combustíveis, com alta de 35% no ano, com destaque para o imprescindível gás de cozinha com 27% de aumento.
A falência da economia está com Bolsonaro no leme, com um nível de desemprego nunca visto, com os trabalhadores jogados na informalidade sem ou com uma merreca de auxílio emergencial, com a fome atingindo 19 milhões de pessoas e tantos outros vivendo sob a insegurança alimentar batendo a porta, o funesto comandante espalha vírus sem parar, numa dança macabra, da qual só se pode concluir pretender tirar alguma vantagem.
O que estamos vendo é o impacto das políticas de excluir o papel de regulação do governo no balizamento do mercado de produtos agrícolas, especialmente neste caso, nas commodities do agronegócio e na desastrada política de combustíveis da direção da Petrobrás. Os dois pontos cruciais para explicar a inflação corrente, conforme assinala o professor José Luis Oreio em: https://horadopovo.com.br/oreiro-bc-elevar-juros-e-um-grande-equivoco-e-agrava-atividade-economica/
No caso agrícola o governo não fez estoques reguladores, não trabalhou com preços mínimos nos anos eu que isso se fez necessário e sob uma ilusória, se não criminosa, “mão invisível do mercado”.
As grandes corporações internacionais da comercialização do setor açambarcaram as safras de soja, milho, arroz, entre outras, assim como as vendas de carnes, especialmente bovinas, para vender no mercado internacional, aproveitando-se da alta de preços, deixando o mercado interno desabastecido.
Consumo de carne é o menor dos últimos 25 anos
O consumo de carne é o menor dos últimos 25 anos. Frente a carestia dos preços dos alimentos, que, além da carne, tirou da mesa do brasileiro o tradicional arroz com feijão, Bolsonaro não propôs nenhuma solução para aliviar a população deste sofrimento, pelo contrário, incentivou a exportação predatória e declarou que não ia “interferir no mercado, tem que valer a lei da oferta e procura.
No caso dos combustíveis, a política de vincular o preço da gasolina, óleo diesel, e pior, o gás de cozinha, etc., aos preços especulativos do mercado internacional, ao invés das condições de produção nacional, remunera muito bem o acionista estrangeiro minoritário enquanto os brasileiros pagam a conta.
Em ambos os caso, a valorização do dólar vem engordando ainda mais esses exportadores sem trazer efeitos benéficos de um câmbio mais equilibrado, que em outras circunstâncias poderiam trazer frutos, como a quebra da concorrência predatória contra a indústria nacional.
O IPCA-15 foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (25), ele integra o Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC) que produz contínua e sistematicamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, que tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias. Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de garantir uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas de cobertura SNIPC.