Cerca de 25 mil enfermeiros entraram em greve, inclusive levando à paralisação as ambulâncias da Inglaterra e no País de Gales, nesta quarta-feira (11), contra o arrocho salarial – diante da inflação recorde que assola o Reino Unido – e a sobrecarga de trabalho devido à falta de pessoal médico. As entidades representativas assinalaram que somente vão atender pacientes quando houver “risco imediato de vida” e responsabilizou o governo pelo irresponsável desleixo com a saúde pública.
Conforme admitiu o governo do Reino Unido, a greve impactou “inevitavelmente” os serviços, restritos às chamadas mais urgentes, enquanto os demais usuários necessitarão se deslocar por conta própria até hospitais e clínicas.
Escalonada durante um período de 24 horas, a suspensão das atividades inclui paramédicos, atendentes de chamadas, motoristas e técnicos de saúde dos sindicatos Unison e GMB. Ficou acordado que os trabalhadores não farão greve por mais de 12 horas cada, e os atendentes de chamadas estão se afastando por períodos rotativos de seis horas, a fim de não comprometer ainda mais a situação dos serviços.
As entidades sindicais alertam que o deslocamento “muito mais lento” das ambulâncias tem o propósito de defender o poder de compra dos salários. Além disso, denunciam, que milhares de profissionais da saúde estão enfrentando, com carência de pessoal, o stress adicional em unidades que já se encontram sob pressão, diante do crescimento de casos de Covid e de gripe.
Os pacientes estão sendo orientados pelos trabalhadores para ligarem para o 999 quando há emergências com risco de vida, mas usarem o 111 para os serviços não-urgentes, defendendo que as pessoas busquem aconselhamento médico antes de se deslocarem.
As respostas das ambulâncias são divididas em categorias, sendo a categoria um a mais ameaçadora à vida, como paradas cardíacas, enquanto a categoria dois abrange condições como derrames e casos de maternidade.
De última hora, o governo falou em “planos de contingência, incluindo o apoio dos militares, socorristas da comunidade e atendentes de chamadas extras, para mitigar os riscos à segurança do paciente”, mas não admitiu em nenhum momento a necessidade do reajuste salarial ou da contratação de novos profissionais.
A greve foi convocada pelos sindicatos após as negociações com o ministro da saúde britânico, Stephen Barclay, terem falhado na segunda-feira (9). A primeira onda de paralisações já havia ocorrido em dezembro, com o governo também deixando de lado o diálogo com os profissionais.