Três engenheiros oriundos do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) se inspiraram num experimento soviético e criaram uma startup. Apoiados pela FINEP, eles desenvolveram um veículo de efeito solo (que voa sobre as águas) para o transporte amazônico
Uma empresa localizada em São José dos Campos, em São Paulo, criada em 2020 por três jovens engenheiros brasileiros, está revolucionando a concepção de logística de transporte na região amazônica. Nascida por inspiração do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Aeroriver, uma startup de engenharia, criou uma embarcação de efeito solo, que navega a uma altura de dois metros da água e atinge uma velocidade de 150 km/h.

DO ITA PARA A AMAZÔNIA
Três engenheiros nascidos na Amazônia, Lucas Guimarães Souza, Felipe Araújo Bortolete e Túlio Silva, resolveram unir seus conhecimentos para tentar ajudar a resolver problemas de sua região. Felipe, mestre em engenharia aeronáutica do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), contou que junto com os amigos tentou entender quais eram os principais problemas da Amazônia e como os seus conhecimentos poderiam ajudar a resolvê-los.

Eles concluíram que o principal problema da região amazônica era a logística de transporte. A Amazônia é uma região gigantesca, com muitas florestas e rios e que não conta com estradas suficientes para garantir uma boa logística de transporte.
As viagens são feitas por barco e são lentas. Só para se ter uma ideia, de Manaus a Parentins são 10 horas de lancha. O veículo criado por eles fará a mesma viagem em apenas 3 horas. Tanto passageiros como cargas e atividades da área de saúde e salvamento poderão se beneficiar desta nova tecnologia. A embarcação terá capacidade para dez passageiros e dois tripulantes.
EFEITO AERODINÂMICO
Eles acharam que poderiam oferecer uma alternativa de transporte mais eficiente para a região. Daí surgiu a ideia dos engenheiros de criar a empresa Aeroriver e o “barco voador”, usando as vantagens do efeito aerodinâmico chamado efeito solo, que eleva a velocidade do veículo.
Esta iniciativa dos brasileiros mostra que, quando a tecnologia está a serviço da solução de problemas econômicos e sociais do país, ela se torna um bem de valor inestimável para o conjunto da sociedade. O apoio governamental a esse tipo de iniciativa é decisivo para que o país se desenvolva de forma mais acelerada e a inovação traga benefícios concretos para a sociedade.

APOIO DA FINEP
Os engenheiros receberam o apoio financeiro da FINEP, órgão de fomento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, e subvenção econômica da Suframa, da Amazônia. Com este apoio, eles deram início ao projeto que visa nada mais do que, segundo Lucas Guimarães, tornar a Aeroriver uma das maiores empresas de “efeito solo” do mundo.
Lucas explica que o veículo de efeito solo não é um hidroavião ou um avião anfíbio. É um tipo de aeronave/embarcação que voa muito perto da superfície (água ou terra), aproveitando um fenômeno aerodinâmico chamado efeito solo, que reduz o arrasto e aumenta a sustentação, tornando-o 40% mais eficiente em velocidade e consumo de combustível do que se ele estivesse voando mais alto.
INSPIRAÇÃO NO ECRANOPLANO

O projeto criado por eles se inspirou num veículo muito maior, o Ecranoplano, uma embarcação inventada pelo engenheiro naval soviético Alexeev Rostislav Evgenievich nos anos 50. Eles detectaram que as suas principais características era o que eles necessitavam para resolver o problema da logística de transporte na Amazônia. Em 2024 o projeto recebeu investimentos do governo para acelerar o desenvolvimento da ideia dos pesquisadores.

POUSO E DECOLAGEM NA ÁGUA
Os engenheiros explicaram também que o Volitan – nome do veículo – é um tipo de veículo que tem mais facilidade em obter a regulamentação para poder trafegar. Isso porque, além de voar em baixa altitude, ele faz pouso e decolagem na água. Portanto a regulamentação é de uma embarcação e não de uma aeronave. Além disso, por decolar e pousar na água, não há necessidade de trem de pouso. “Ele possui um casco normal para navegação”, explica Felipe.

Os três engenheiros já se conheciam desde os tempos de cursos de engenharia, dois deles do ITA, e já participavam de projetos de P&D. Felipe conta que conheceu Lucas durante o curso e participavam de um mesmo projeto de Aerodesign, o objetivo desse projeto era construir um avião para competir numa disputa nacional que ocorria anualmente em São José dos Campos. Hoje eles realizam um sonho de criar uma tecnologia disrruptiva para o transporte na região amazônica.











