O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), afirmou, em entrevista à Rede TV, de São Paulo, na última sexta-feira, que não concorda com a Emenda Constitucional 95, de 2016, que congelou os gastos públicos por vinte anos. “Querem congelar os gastos com saúde, educação. Isso é um absurdo”, disse ele. “Nós somos contra. Se eu for eleito, isso vai ser eliminado”, frisou Goulart.
“Como é que vão engessar o país por vinte anos se você tem dois milhões de novos brasileiros que ingressam na nossa sociedade todos os anos? Eles querem um teto de gastos, mas todo ano entram dois milhões de pessoas. No final de vinte anos, são 40 milhões de brasileiros que vão ficar desassistidos”, observou. “Não há a menor hipótese que alguém ache que isso é correto”, acrescentou o pré-candidato.
Segundo João Goulart, “o país hoje não está atendendo a sua população nas áreas da saúde, educação, segurança, etc, porque o orçamento está sendo sangrado”. “São 400 bilhões de reais todos os anos só para pagamento de juros ao sistema financeiro, sem contar a rolagem da dívida. Além disso, o nosso país está remetendo uma fortuna para o exterior. O Brasil paga só de royalties e remessa de lucros, mais de 175 bilhões de reais”, denunciou. “Eu pergunto, existe país que possa cuidar da educação, da saúde e da segurança com uma drenagem deste tamanho?”, indagou João Goulart.
Sobre a crise da segurança e a intervenção no Rio de Janeiro, o filho de Jango avaliou que “o país passa por uma situação muito grave”. Ele disse que o Brasil está com índices de guerra civil, ao citar os 62 mil assassinatos anuais, divulgados recentemente”. Para o ex-deputado, “a intervenção nos moldes do que ocorreu no Rio de Janeiro já mostrou que não resolve o problema. Os próprios militares sabem disso”. “Tem que haver a presença efetiva do Estado nas comunidades”, defendeu. “Tem que ter cultura, esporte, educação, segurança, etc”, acrescentou.
“Essa conversa neoliberal de ‘estado mínimo’, defendida por alguns, é um contrassenso. É uma maneira de subtrair os direitos da sociedade”, denunciou o ex-deputado. Ele condenou ainda aqueles que apregoam demagogicamente a entrega de armas para a população. “Entregar armas e dizer, ‘se vira’, é uma irresponsabilidade”, ponderou. “É papel do Estado defender o cidadão. Essa atitude de deixar por conta do cidadão se defender é um desrespeito completo”, avaliou. João Goulart lembrou Darcy Ribeiro que, segundo ele, dizia que “se não construirmos escolas, dentro de vinte anos estaremos construindo presídios”. “Hoje o Brasil é a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos EUA e da China”, observou.
João Goulart Filho respondeu também às perguntas dos telespectadores sobre o desemprego. Segundo o IBGE, entre desempregados e subempregados, são 27,7 milhões de pessoas. Ele disse que “o programa do PPL é o nacional desenvolvimentismo, que vai recuperar as indústrias brasileiras, destruídas pela submissão dos últimos governos aos bancos e rentistas e pelo câmbio totalmente favorável às importações”.
“Vamos retomar a produção industrial e criar 20 milhões de empregos em quatro anos”, garantiu. “Nossa indústria já respondeu por mais de 30% do PIB. Hoje é só 11%. Com maiores investimentos por parte do Estado – que é o que nós defendemos – os empresários, que hoje estão no mercado financeiro, vão voltar a investir na produção, e a roda da economia vai voltar a girar”, argumentou. “Até porque os empresários são brasileiros como nós e querem trabalhar. Com o Estado puxando os investimentos, eles virão atrás. Não tenho dúvida disso”, garantiu o pré-candidato.
S. C.