E debochou do presidente francês Emmanuel Macron e da ativista norueguesa Greta Thunberg
A tragédia vivida por parte da população da Austrália, vítima de incêndios e ventanias que estão destruindo florestas, bloqueando estradas e derrubando casas, com ameaças à vida de milhares de pessoas e animais, foi motivo de deboche por parte de Jair Bolsonaro, em sua primeira live do ano.
“Agora tá pegando fogo é na Austrália, eu queria saber se o Macron falou alguma coisa até agora?”, indagou. Emanuel Macron, presidente da França, fez cobranças em defesa da Amazônia, quando no ano passado a região foi atingida por grandes queimadas e o governo Bolsonaro tergiversou, dizendo que era invenção dos ambientalistas.
Enquanto demole a agenda ambiental brasileira, Bolsonaro fez demagogia com o drama dos australianos para retaliar Greta Thunberg e Macron e disse que vai “oferecer o pouco que temos para ajudar a combater o fogo lá na Austrália”.
Além de Macron e Greta, na lista de desafetos de Bolsonaro que não lhe deixam em paz para destruir a floresta amazônica está Leonardo DiCaprio. Solidarizaram-se com o ator, Jane Fonda e Mark Ruffalo. Ver Acusar DiCaprio e ONGs por queimadas “é patético, é risível, é uma piada”, diz Jane Fonda. E Ruffalo diz que Bolsonaro quer é esconder “incêndios que ele próprio permitiu”
Bolsonaro ganhou destaque no mundo por sua política de estimular a destruição da Amazônia com o desmonte que promoveu de toda a estrutura pública de fiscalização de desmatamentos e de queimadas do Brasil.
Ele chegou a se reunir com madeireiros ilegais e grileiros, e ameaçou funcionários do Ibama que destruíram equipamentos usados pelos criminosos. Bolsonaro levou à demissão o responsável pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o cientista Ricardo Galvão, por este ter divulgado dados de satélite sobre o aumento da destruição da floresta amazônica.
Segundo a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), o governo Bolsonaro “abandonou as Políticas de Mudanças Climáticas, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia e temos o aumento da violência contra os povos indígenas”.
A atitude hostil de Bolsonaro e de seu ministro Ricardo Salles ao meio ambiente se refletiu na decisão de não sediar a Conferência do Clima, a COP-25, que teve de ser realizada em Madrid, na Espanha, em dezembro. Refletiu-se também no Fundo Amazônia, quando fez Alemanha e Noruega (99% do dinheiro do fundo) suspenderem suas contribuições. O governo queria desviar o dinheiro para outras finalidades que não a proteção da região, o que desagradou os países doadores do fundo.
A mesma omissão demonstrada na proteção à floresta aconteceu quando as praias do Nordeste e parte do Sudeste foram atingidas por grandes manchas de óleo e a ação do governo tem sido pífia.
Ao mesmo tempo em que Bolsonaro fazia ironia sobre o drama na Austrália, até o momento, 2,6 milhões de hectares e quase 600 casas foram atingidos pelo fogo. Só no estado de New South Wales, uma área cinco vezes maior que a cidade de Londres e três vezes maior que todos os incêndios do ano passado foi perdida. Os termômetros chegaram a marcar 46 graus Celsius em Sidney e fortes ventos chegavam até 80 km/h. Calcula-se que 500 milhões de animais tenham morrido vítimas dos incêndios.
“Aquela menina lá, aquela pequeninha (sic) falou alguma coisa também?”, questionou para o secretário especial de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, que o acompanhava na live e respondia “não” às perguntas que estavam sendo feitas. A referência de Bolsonaro era à menina sueca, Greta Thunberg, a quem ele chamou de “pirralha”, e que se destacou em todo o mundo por sua luta em defesa do meio ambiente.
No final de dezembro, a menina Greta Thunberg disse que líderes mundiais que a criticam, como Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “estão aterrorizados com o fato de pessoas jovens provocarem mudanças que eles não querem”.
O ministro Onyx Lorenzoni também entrou na onda das provocações de seu chefe e fez cobranças na quinta-feira (02), via Twitter, inclusive em francês. Na rede social, ele lamentou a “perda de vidas” com os incêndios na Austrália, mas disse ser preciso “registrar o silêncio ensurdecedor” de Macron e da “Europa verde”.
O ex-primeiro-ministro, Malcolm Turnbull, crítico do atual governo australiano, postou no Instagram uma foto de Sydney coberta por fumaça tirada de um avião e culpou a ferocidade dos incêndios que devastam o país desde o início de novembro. “Esta é a realidade das mudanças climáticas: temperaturas mais quentes e úmidas se traduzem em mais incêndios. Temos que acelerar a transição para a energia com zero emissões (poluentes)”, disse o ex-premier, que defende a mudança da matriz energética do país.
S. C.
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