O ex-presidente Jair Bolsonaro, sua esposa, Michelle Bolsonaro, o advogado Fábio Wajngarten e os ex-assessores Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti combinaram de ficar em silêncio nos depoimentos simultâneos que foram realizados pela Polícia Federal na quinta-feira (31), sobre o desvio e venda ilegal de joias.
Já o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e seu pai, Mauro Lourena Cid, estavam colaborando com a investigação, segundo informações.
A PF marcou os depoimentos para acontecerem de forma simultânea na quinta-feira (31), como uma estratégia para impedir que os investigados combinem versões.
As defesas de Jair, Michelle, Wajngarten, Câmara e Crivelatti decidiram, então, que eles deveriam ficar em silêncio sobre todo o caso.
Elas questionam a tramitação do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) e não na primeira instância. Essa manobra jurídica é considerada frágil já que a maioria dos ministros do STF tem endossado as ações de Alexandre de Moraes, relator do inquérito.
Os depoimentos estavam marcados para as 11h e todos os investigados compareceram. Aqueles que ficaram em silêncio foram embora em menos de uma hora.
Permaneceram falando com a PF, Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, e seu pai, Mauro Lourena Cid, que era próximo de Jair Bolsonaro.
Os advogados de Mauro Cid já falaram que ele vai “confessar” sobre sua atuação no caso e colaborar com as investigações. Disseram também que ele, enquanto ajudante de ordens, estava apenas cumprindo ordens de Jair Bolsonaro.
A investigação da PF já foi capaz de reunir dezenas de provas sobre a existência da organização criminosa que desviou e levou as joias para os Estados Unidos, onde foram vendidas.
As peças de luxo foram transpordas para os Estados Unidos em voo presidencial.
O material colhido pela investigação mostra a participação direta nos crimes de todos os investigados.
O dinheiro das vendas foi entregue para Bolsonaro. Mensagens obtidas mostram que Mauro Lourena Cid encontrou Jair para lhe entregar US$ 25 mil, equivalentes a R$ 125 mil, advindos da venda de dois relógios.
Os relógios, estátuas, brincos e abotoaduras foram dadas para Bolsonaro por países como Arábia Saudita e Bahrein. Por seu alto valor, conforme a legislação, deveriam ter ido para o acervo público da Presidência, e não aos bolsos do ex-presidente.
A PF também revelou que os assessores de Bolsonaro organizaram uma “operação resgate” das joias que tinham sido vendidas para conseguir entregá-las à União, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou.