O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (Cau) se manifestaram após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo. As entidades destacaram o abandono do poder público em todas as esferas e a inversão de prioridades dos governantes.
Em nota o presidente do Sasp, Maurilio Chiaretti, afirmou que a tragédia “revela problemas que os arquitetos e urbanistas e movimentos de moradia denunciam há décadas: a falta de assistência técnica pública e de orientação correta para a destinação dos imóveis da União”.
Ele diz que o edifício que era administrado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), e que “segundo a Portaria Nº 45 da Secretaria, de 06 de abril de 2015, o mesmo deveria ter prioridade de destinação para a provisão de habitação de interesse social. Em desacordo à Portaria, a SPU tentou leiloá-lo nesses últimos anos por duas vezes, sem sucesso”. Ele também avalia que “a dificuldade de em solucionar o problema da habitação se dá por sucessivos erros de orientação política e ideológica de grande parte dos governantes”.
A entidade reivindica a urgente contratação de arquitetos, urbanistas e outros profissionais, para que se possa encaminhar adequadamente a destinação dos imóveis da União, mas “ao invés disso, Temer anuncia um novo leilão de imóveis com o discurso de usar esses recursos para sanar as contas do Governo Federal. Muito longe de resolver um problema sistêmico da economia brasileira, o leilão de terras públicas cai novamente na mesma lógica privatista e de diminuição do papel e das condições do Estado em atender suas demandas sociais, como a de moradia”, lembra.
Já o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, afirmou em nota que o desastre é resultado “do descaso do Poder Público, em todas as esferas, com o atual quadro urbanístico das nossas cidades e com ausência recorrente de uma Política Habitacional Nacional consistente aliada a preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo”.
“Sem se entenderem, o governo, nas diversas esferas e a Justiça permitiram que o cenário fosse se perpetuando, o que adiou sua possível recuperação e nova destinação, com potencial para amenizar a precária situação habitacional do centro”, destacou o texto.
O Cau também cobrou medidas imediatas. “Há muitas outras construções em situação idêntica na área. Antes que novas tragédias aconteçam, é hora de uma ação política urbana articulada, séria e eficaz a respeito. Não apenas pelos edifícios icônicos, mas sobretudo por justiça social”, finaliza a entidade.