
Sob a Presidência do Brasil, representantes e negociadores do grupo realizaram reuniões temáticas em Brasília esta semana, entre os quais mundo do trabalho e igualdade de gênero
Representantes e negociadores do BRICS se reuniram com organizações da sociedade civil para ouvir demandas da população e receberam como proposta a participação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ou Banco do BRICS, no financiamento da reindustrialização do Brasil.
Os países membros do BRICS, sob a Presidência do Brasil, também estão discutindo as transformações do mundo do trabalho e a manutenção dos direitos diante da implementação da Inteligência Artificial (IA).
De acordo com o governo brasileiro, “houve consenso dos representantes da sociedade civil que a instituição financeira [Novo Banco de Desenvolvimento] precisa ser o principal agente de financiamento da industrialização do Sul Global”. “A expectativa é que o NBD se torne uma alternativa real ao Banco Mundial e ao FMI, financiando o desenvolvimento de países emergentes”.
Foram selecionados dez grupos, alinhados às prioridades do governo brasileiro na Presidência do BRICS e com representatividade na sociedade civil. Entre elas, estavam a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
MUNDO DO TRABALHO
Os países do BRICS se reuniram no Brasil para discutir os impactos da Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho e a necessidade de implementação de políticas para proteger direitos e qualificar os trabalhadores para a nova realidade.
A reunião, realizada em Brasília, contou com a participação dos ministros do Trabalho e Emprego dos países membros (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) e de representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O ministro brasileiro Luiz Marinho destacou que a transição para o mundo digital “não pode ser encarada apenas como uma estratégia econômica, mas como uma necessidade social”.
“É fundamental garantir que essa mudança seja inclusiva, gerando empregos de qualidade e oferecendo proteção aos mais vulneráveis. Isso é essencial tanto para o presente quanto para o futuro do trabalho”, afirmou.

Marinho defendeu a regulação do uso de Inteligências Artificiais de modo a evitar desigualdades e manter direitos trabalhistas, além de possibilitar a qualificação dos trabalhadores.
Segundo ele, “com os EUA recuando de fóruns internacionais, os países do BRICS têm a responsabilidade de liderar soluções justas, garantindo transições equilibradas — tanto tecnológica quanto ambiental — com remuneração digna e ambientes de trabalho saudáveis”.
Durante os debates, a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério, Paula Montagner, afirmou que a IA “é uma ferramenta de dupla face. Por um lado, traz ganhos de eficiência e velocidade para resolver problemas antigos e novos. Por outro, exige que prestemos atenção aos seus efeitos sobre os trabalhadores, que variam conforme a velocidade de implementação e os padrões éticos adotados em cada sociedade”.
“Não podemos permitir que os benefícios da IA fiquem concentrados nas mãos de poucos. É essencial compartilhar o conhecimento tecnológico com toda a sociedade para que ninguém fique para trás”, completou.
MULHERES
Também sob a liderança do Brasil, os BRICS debateram políticas de promoção da igualdade de gênero. A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, enfatizou “a prioridade que o Brasil atribui a esse tema fundamental para o desenvolvimento”.
Para ela, “o BRICS representa hoje uma força significativa para a construção de uma nova ordem mundial multipolar, onde as vozes do Sul Global possam ser efetivamente ouvidas. E nós, mulheres, temos um papel fundamental nessa transformação”.

“Acreditamos que a integração da perspectiva de gênero nas diferentes frentes de trabalho do BRICS é essencial para a construção de sociedades mais justas e prósperas. As mulheres são agentes fundamentais de mudança, e seu empoderamento é condição necessária para o desenvolvimento sustentável”, continuou, durante o discurso de abertura das discussões.
Cida contou que o Brasil tem um Plano de Ação “para combater este problema, que é estrutural em nossa sociedade e envolve principalmente o trabalho não remunerado do cuidado que sobrecarrega as mulheres”.
Uma das ações é dar prioridade às mulheres em programas de distribuição de renda como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida.