Organizações da sociedade civil brasileira marcaram presença na 51ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, nesta terça-feira (13).
O objetivo foi denunciar o aumento da violência política durante o período eleitoral e os ataques desferidos por Jair Bolsonaro à integridade do sistema eleitoral.
Com a apresentação de uma queixa formal à ONU, os participantes brasileiros pedem que a comunidade internacional se comprometa a reconhecer o resultado das eleições de 2022.
“A democracia e o sistema eleitoral estão sob grande ameaça no Brasil. Nós vivemos uma situação sem precedentes na democracia brasileira”, diz um trecho da denúncia, publicado pelo jornal “Folha de S.Paulo”.
“Um exemplo são os ataques feitos por autoridades ao Tribunal Superior Eleitoral, questionando o sistema de votação sem evidências e através de desinformação”, aponta o documento.
Fruto do trabalho de articulação internacional de entidades como Justiça Global, ABGLT, WBO, ABONG, Artigo 19, Conectas, Ação Educativa, Comissão Arns e Terra de Direitos, a delegação busca aumentar a rede de apoio internacional aos resultados do pleito de outubro e à confiabilidade do processo eleitoral.
“É fundamental que a comunidade internacional expresse seu apoio pela democracia brasileira e sua confiança no sistema eleitoral, que vem sendo alvo de ataques infundados acerca de sua confiabilidade como pano de fundo para um ataque mais amplo à democracia”, disse Paulo Lugon, assessor internacional da Comissão Arns.
“Além de pedir à comunidade internacional o reconhecimento imediato do resultado das eleições brasileiras, nós também queremos chamar a atenção para a questão preocupante do aumento da violência política, sobretudo em relação à segurança das candidaturas de mulheres, principalmente negras, indígenas e LGBTQIA+”, destacou a advogada Sara Branco, coordenadora do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
Depois de passar por Berlim, Madri e Bruxelas, a delegação também se reuniu com representantes do Alto Comissariado da União Europeia, além de políticos e entidades da sociedade civil. Parte dos ativistas terá compromissos em Paris com intuito semelhante.
Representantes das organizações também visitaram Washington, em julho, para encontros com parlamentares.
“Nós temos recebido sempre reações de muita solidariedade e preocupação com a situação no nosso país. Percebemos que a comunidade internacional está muito informada”, avalia Camila Asano, diretora de programas da Conectas. “O mundo está atento ao que está acontecendo no Brasil, com os ataques sem provas ao sistema eleitoral”, completou.