“É muito importante para o varejo e os serviços”, diz a CNC, defendendo “maior racionalidade nos juros do rotativo, que são exorbitantes”
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) se manifestou sobre a proposta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de acabar com o parcelamento sem juros no cartão de crédito e defendeu “maior racionalidade nos juros do rotativo, que são exorbitantes”.
Segundo a entidade, a manutenção do parcelamento sem juros “é muito importante para o varejo e os serviços”.
“A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo entende a necessidade de uma maior racionalidade nos juros do rotativo, que são exorbitantes, mas acredita que o parcelamento sem juros deve continuar sendo uma possibilidade de pagamento. Acabar com essa modalidade retira do mercado de consumo as famílias com renda mais baixa e parte da classe média”, diz a nota da entidade.
“O cartão de crédito é o principal meio de pagamento do brasileiro hoje e o parcelamento sem juros é muito importante para o varejo e para os serviços. Nesse sentido, a CNC confia que a melhor solução será adotada para que haja equilíbrio na relação entre o varejo, os consumidores e as instituições financeiras”, ressaltou a CNC.
Em audiência no Senado, no dia 10 de agosto, Campos Neto, que manteve por cerca de um ano a taxa básica da Selic, os juros básicos da economia, em 13,75% durante o ano, com os juros reais os mais altos do mundo, e sem qualquer crítica aos extorsivos juros cobrados no rotativo do cartão de crédito que ultrapassam 430% ao ano, defendeu o fim do rotativo e do parcelamento sem juros.
A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) afirmou em nota ao Poder 360 que “é contrária ao fim do parcelamento sem juros” e que “a medida não serve como antídoto para o problema e pode prejudicar milhares de negócios, em especial os micro e pequenos”.
“A preocupação da FecomercioSP é que limitar, ou obstruir, a utilização do parcelamento sem juros tenha reverberações adversas na economia. O crédito, aliado ao emprego e à renda, é um dos pilares essenciais na determinação dos padrões de consumo da população. A entidade lembra que o instrumento desempenha papel imprescindível no desempenho econômico do varejo brasileiro, atuando como um propulsor da inclusão financeira e social da população. Além disso, a medida poderia comprometer, ao invés de melhorar, a saúde financeira dos consumidores, exacerbando a inadimplência”, diz a nota.
Segundo a reportagem do Poder 360, a Associação Brasileira de Internet (Abranet), que reúne mais de 70 milhões de clientes de serviços financeiros e empresas de maquininhas de cartão, afirmou que a limitação do modelo de compras parceladas “reduzirá drasticamente o consumo e impactará todo o varejo”.
Segundo a entidade, o parcelamento é “responsável por 50% do volume de tudo que é transacionando em cartões de crédito”.
“É inaceitável que uma solução sobre um assunto desta magnitude e importância esteja sendo discutida de maneira unilateral, pelos grandes bancos que historicamente têm os maiores lucros do país e o maior retorno sobre o capital dos bancos do mundo”, diz a Abranet em nota.
Segundo a entidade, “a inadimplência de quem compra parcelado é menor do que quem compra à vista. Tanto é que elas oferecem parcelado sem juros, com opção de parcelar em 18 vezes, não apenas 12 vezes como é praxe do mercado. E se algum banco concluiu que não vale a pena oferecer mais de quatro parcelas sem juros, que este banco comunique seus clientes e deixe o livre mercado atuar”.