A greve dos entregadores de aplicativo mobilizou motociclistas e ciclistas por todo o país. Em São Paulo a categoria realizou comboios, paralisações e bloqueios em centro de distribuições. O movimento seguiu para concentração na Avenida Paulista para a realização de um ato.
O movimento alcançou, além da cidade de São Paulo (SP), a região do ABC paulista, Campinas (SP), Piracicaba (SP), bem como as capitais Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), São Luiz (MA), Aracaju (SE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Teresina (PI) e Maceió (AL) e o Distrito Federal (DF).
Na cidade do Rio de Janeiro, os protestos tiveram início com uma manifestação no centro da capital, por volta das 10h30. Pouco depois das 11h, o grupo saiu do Centro e seguiu até a Zona Sul, parando nos bairros de Botafogo e Jardim Botânico.
Em Fortaleza, motociclistas e ciclistas de diferentes empresas fizeram um bloqueio em frente um shopping da capital cearense. Em seguida, o grupo saiu em comboio em direção à Praça da Imprensa, no Bairro Edson Queiroz, onde ficou concentrado.
Em São Luiz (MA), os motofretistas chegaram a parar vias enquanto entoavam palavras de ordem.
Em Teresina (PI), os entregadores se reuniram com o secretário estadual de Segurança Pública, Rubens Pereira, para pedir mais polícia nas ruas e garantir segurança à categoria. Nessa terça-feira (30), um assalto a um entregador no centro da capital piauiense foi registrado por câmeras de segurança, quando ele fazia uma entrega, e teve a moto roubada.
Em Aracaju (SE), entregadores de aplicativo se reuniram na Orla de Atalaia. Utilizando motocicletas, eles ficaram concentrados em frente aos Arcos da Orla, na Avenida Santos Dumont, por cerca de duas horas, mas foram impedidos de circular pelas ruas da capital porque, segundo a Polícia Militar e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), a solicitação para o protesto não havia sido deferida pelos órgãos.
Em Salvador, os manifestantes passaram pela Avenida Antônio Carlos Magalhães, nas proximidades de um shopping da região, e passaram pela Ligação Iguatemi x Paralela (LIP). A previsão é de que passem por mais pontos da cidade, como Vila Hortência (Engomadeira), Bela Vista (Cabula) e Barra, um dos pontos turísticos da cidade.
Em Maceió, o grupo de manifestantes percorreu, de motocicleta, diversas ruas da capital. Por volta do meio-dia, o protesto chegou à Avenida Fernandes Lima, principal via de Maceió, e bloqueou temporariamente o trânsito no sentido Tabuleiro.
“Na pandemia, eles distribuíram máscara e álcool gel, mas não é só isso. A gente precisa de aumento no valor da taxa de entrega, EPIs, seguro acidente. Também queremos o fim do bloqueio indevido nas plataformas. Muitas vezes a gente entrega o pedido na casa do cliente, ele vai no app e diz que não entregamos e a gente não tem espaço para se defender. É suspenso por 48 horas e fica sem trabalhar. Se a gente não trabalha, não recebe. Queremos um tratamento mais justo”, diz o entregador Everton Lima.
No Distrito Federal, os manifestantes começaram os protestos por volta das 11h30 na Alameda das Bandeiras, em frente ao Congresso Nacional, e saíram em comboio pelas avenidas da capital federal.
No Recife, as manifestações seguiram pela Avenida Agamenon Magalhães até Avenida Domingos Ferreira, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da cidade. A procuradora do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE), em consonância com as pautas dos entregadores, afirmou que, apesar do aumento da demanda por serviços de delivery na pandemia, os entregadores não tiveram aumento da remuneração.
“Houve perda remuneratória por conta de corte de bônus e incentivos. As empresas costumam oferecer incentivos pelo número de entregas. A cada 5 entregas, 5 reais. Incentivo por trabalhos em domingos e feriados, e isso foi cortado. Engana quem pensa que a relevância que esse serviço ganhou durante a pandemia, permitindo que as pessoas ficassem em casa, cumprindo a quarentena, tenha repercutido positivamente na remuneração”, afirmou.
REIVINDICAÇÕES
A primeira reivindicação do movimento, que cresce a cada dia, é a garantia de refeições como almoço, jantar e café para quem passa o dia na rua trabalhando com entregas. O movimento reivindica também o aumento do valor recebido por quilômetro rodado e aumento do valor mínimo de cada entrega, que independa da distância percorrida e do tempo gasto pelo entregador, sendo o valor fixado por cada empresa.
Além disso, os trabalhadores pedem o fim desses bloqueios indevidos (quando eles são bloqueados dos aplicativos sem saber o motivo), além da distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e licença quando doentes.
“A gente roda 3,4km por entrega para receber R$3,50, não dá não. É muito pouco”, denuncia rapaz que faz entregadas de bicicleta através dos aplicativos.
Em outro vídeo que circula na internet, um dos trabalhares diz que “nem na comunidade, na pizzaria que eu trabalhava, a gente ganha 3 reais por entrega. Isso é o cúmulo, cúmulo.”.
As insatisfações ganham os holofotes em um momento em que a entrega em domicílio está muito popular. Com a pandemia e o isolamento social, as entregas no mercado como um todo subiram de 9% em abril de 2019 para 32% em abril de 2020, segundo o Instituto Food Service Brasil (IFB).