O economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, apresentou sua demissão 11 dias após reconhecer que o organismo fraudou dados econômicos do Chile em sua principal publicação, o relatório “Fazendo Negócios” (Doing Business). Ainda na quarta-feira (24), o presidente da entidade, Jim Yong Kim, comunicou aos funcionários que a renúncia “tem efeito imediato”.
Ao tratar da renúncia de seu economista chefe, o presidente do Banco Mundial disse que ambos tiveram “ótimas conversas” sobre diversos assuntos incluindo o “futuro” do banco. Kim também disse “lamentar as circunstâncias da saída” do economista, e seguiu tergiversando ao afirmar que “apreciou a honestidade e a franqueza” que tornaram insustentável a permanência de Romer na organização. A sua saída foi veiculada através de um comunicado interno do Banco Mundial, assinado por Kim, ao qual a Agência Efe teve acesso.
Ao explicar a fraude, Romer disse que “motivações políticas” levaram o Banco Mundial a alterar a metodologia de análise utilizada na produção do relatório. A distorção gerou uma irreal flutuação da economia chilena, entre o posto de 25º e 57º no ranking referente a “competitividade”. Resumidamente, durante os mandatos de Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018) os índices chilenos teriam reduzido, subindo apenas durante o mandato de Sebastián Piñera (2010-2014), que beneficiado por tais distorções, como também pelas vacilações e traições da própria Bachelet, venceu as eleições presidenciais e deve assumir o cargo em março.
Ao avaliar a mudança metodológica, Romer disse que ela não teve nenhuma relação com o “ambiente de negócios do país”. “Com base nas coisas que estávamos medindo antes, as condições comerciais do Chile não pioraram”. Se a posição do Chile apresentou “volatilidade nesses anos”, essa variação foi “potencialmente contaminada por motivações políticas no Banco Mundial”, assumiu.
Em publicação do “The Wall Street Journal”, no dia 13, Romer chegou a se desculpar pela falsificação na tentativa de minimizar os impactos da descoberta. “Quero pedir desculpas pessoalmente ao Chile e a qualquer outro país ao qual possamos ter transmitido uma impressão errada”.
O Banco Mundial foi fundado em 1944, durante os acordos de Bretton Woods – desde então é atrelado aos interesses do establishment norte-americano. Paul Romer, por sua vez, ocupava o cargo de economista-chefe desde 2016. Depois de sua renúncia, ele disse que retomará seu cargo de professor na Universidade de Nova York.