Episódios do 8 de janeiro representaram uma tentativa derradeira e desesperada dos bolsonaristas como intuito de derrubar o governo, após a recusa das Forças Armadas em apoiar o golpe urdido no Planalto
O ministro da Defesa, José Múcio, comentou, nesta quinta-feira (21), a afirmação do tenente-coronel Mauro Cid de que o ex-presidente (PL) Jair Bolsonaro teria consultado militares sobre seu plano de dar um golpe de Estado no país. Ele ressaltou que essa articulação “não interessou em momento nenhum as Forças Armadas”.
Sobre a minuta do golpe recebida por Bolsonaro de seu assessor Felipe Martins e as reuniões feitas pelo presidente com militares para assuntá-los quanto ao golpe, como relatou Mauro Cid, o ministro da Defesa disse aos jornalistas que “são fatos constrangedores”.
José Múcio acrescentou que, apesar disso, “são atitudes isoladas de componentes das Forças”. “Devemos ao Exército, a Marinha e à Aeronáutica a manutenção da nossa democracia”, destacou o ministro da Defesa. Os episódios do 8 de Janeiro representaram uma tentativa derradeira e desesperada dos bolsonaristas com o intuito de derrubar o governo, após a recusa das Forças Armadas em apoiar o golpe urdido no Planalto.
“Nós desejamos muito que tudo seja absolutamente esclarecido. Precisamos destes nomes. Evidentemente, que constrange esse ambiente em que a gente vive, essa aura de suspensão coletiva nos incomoda, mas essas coisas que saíram hoje relativas ao governo passado, a Comandantes passados. Não mexe com ninguém que está na ativa”, comentou o ministro.
Sobre as pessoas citadas, ele disse que “são pessoas que estão na reserva”. O ministro ressaltou que não teve acesso ao conteúdo da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e que pedirá para ter acesso a informações envolvendo militares no depoimento de Mauro Cid.
“Quando o hacker (Walter Delgatti) disse que havia estado aqui com quatro ou cinco pessoas, eu fiz um ofício, mandei para o doutor Andrei (Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal), ele disse que isso estava sob segredo de Justiça, fiz um ofício para o ministro Alexandre (de Moraes, do Supremo Tribunal Federal). De maneira que eu vivo das informações que vocês da imprensa divulgam de manhã cedo”, observou o ministro.
Mauro Cid falou em seu depoimento à PF que Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e com ministros militares, após o segundo turno das eleições do ano passado, para avaliar uma possível intervenção militar no Brasil.
De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria sido favorável à proposta, mas os demais militares não aderiram à trama golpista.
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