O parque El Arbolito, no centro de Quito, virou palco de uma série de protestos desde que o presidente Lenin Moreno anunciou na última terça-feira seu pacote de medidas econômicas anti-populares, entre as quais se destaca o aumento de 25% no preço da gasolina, que subiu de US$ 1,48 para US$ 1,85, um acréscimo de US$ 0,37 no galão de 3.7 litros. Em um país cuja economia é dolarizada desde 2000, e o salário mínimo é de US$ 386, o valor é proibitivo, denunciam as entidades populares.
Levantando faixas e cartazes com os dizeres “Abaixo o pacotaço”, “Abaixo as privatizações” e “Fora Moreno, traidor e mentiroso”, os manifestantes também denunciam a precarização laboral e a multiplicação das demissões, exigindo respeito aos direitos dos trabalhadores. Entre outros abusos, o governo anunciou a eliminação de 25 mil postos de trabalho, o que impactará diretamente na qualidade dos serviços prestados à população.
Dirigente sindical do setor dos transportes, Omar Delgado, disse que a população está respondendo com unidade aos atropelos, pois medidas como a retirada do subsídio da gasolina extra e ecopaís, a título de realizar um “ajuste no orçamento”, levarão a um encarecimento vertiginoso dos produtos, jogando o custo de vida às alturas. A resposta foi imediata, frisou, com o fechamento de várias rodovias.
A Frente Unitária de Trabalhadores (FUT) convocou para a próxima quinta-feira (27) uma mobilização nacional para “barrar estas medidas que atentam contra a economia popular”. De acordo com o presidente da FUT e da União Geral dos Trabalhadores do Equador (UGTE), José Villavicencio, é inaceitável que “os cidadãos paguem pelo dinheiro roubado pela corrupção”.
“Anunciamos ao país o começo progressivo das mobilizações até que o governo acabe com esse aumento da gasolina e elimine todas as políticas econômicas neoliberais que tanto prejudicam o Equador”, concluiu Wilmer Santacruz, representante da rede de professores e integrante da “Assembleia Nacional Cidadã”.