Jair Bolsonaro (PSL) não precisava ter escolhido Paulo Guedes como seu ministro da Economia para manter tudo como está na área – ou, a rigor, para piorar a situação, fazendo a mesma coisa. Bastava, para isso, ter anunciado a manutenção de quase toda a equipe econômica de Michel Temer (MDB). Se é que não acabou acontecendo isso.
Só faltou o Meirelles – cooptado para a secretaria da Fazenda de João Doria, em São Paulo, mas que declarou: “Bolsonaro nomeou uma boa equipe econômica”.
Claro. É a sua. Ou, melhor, a de Temer.
A equipe econômica do futuro ministro da economia terá 9 (nove) integrantes do governo Temer. Paulo Guedes alega como motivos para abrigar os auxiliares de Temer em sua equipe a “experiência” e o “conhecimento da máquina”.
Provavelmente, deve ser a “experiência” de destruir o país. Quanto ao “conhecimento da máquina”, pelo que fizeram nos últimos anos, era melhor que ficassem longe dela.
O braço direito de Paulo Guedes no Ministério da Economia será Marcelo Guaranys (secretário executivo). Atualmente, ele é o subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil e da Presidência da República.
Guaranys foi para uma reunião com Guedes na sede do governo de transição com um livro que tinha preparado com as diretrizes definidas por Temer e saiu de lá com seu nome aprovado para o cargo. No governo Dilma, ele atuou na Secretaria de Aviação Civil (SAC) e foi nomeado presidente da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) em 2011.
O futuro secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior, estava cedido pelo Senado para o cargo de assessor especial no Ministério da Fazenda. Ele também é presidente do Conselho Fiscal da BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens, que é uma subsidiária do Banco do Brasil.
O atual ministro do Planejamento, Esteves Colnago será o secretário-geral adjunto da Fazenda. Colnago é quem elaborou medidas para congelar os salários dos servidores, dizendo que isso iria gerar ao governo uma economia de cerca de R$ 5 bilhões. Ele também propôs o fim da estabilidade do funcionalismo.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, será mantido no cargo.
O número dois do Ministério do Planejamento, o secretário-executivo Gleisson Cardoso Rubim será o secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.
Para ocupar a Diretoria de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Guedes indicou o atual secretário de Política Econômica e de Promoção da Produtividade, Advocacia da Concorrência do Ministério da Fazenda, João Manoel Pinho de Mello.
Na chefia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ficará o atual procurador-geral adjunto de Consultoria Tributária e Previdenciária José Levi Mello do Amaral Júnior. Paulo Guedes tinha indicado anteriormente o procurador federal Marcelo Siqueira para o cargo, mas recuou após os procuradores da PGFN se rebelarem contra a indicação, por não ser um procurador da Fazenda. Todos os procuradores da PGFN prometeram entregar os cargos de chefia e não aceitar outros caso Guedes não voltasse atrás.
O próximo governo também vai ter Marcos Cintra, ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que era vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele vai assumir a Secretaria Especial da Receita.
Seu adjunto será o atual subsecretário de Arrecadação, João Paulo Fachada.