O Brasil poderia ter solicitado doses para 50% de sua população mas predominou o negacionismo do governo Bolsonaro
O ex-ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou nesta terça-feira (18), em audiência à CPI da Pandemia, que a culpa pela redução do pedido de vacinas ao Consórcio Covax Facility foi do ex-ministro Eduardo Pazuello. O Brasil teria direito a solicitar um número maior de vacinas que poderia cobrir metade da população brasileira, mas optou por solicitar doses para apenas 10%.
O Brasil está atrasado na vacinação de sua população. Até agora apenas 10% da população foi imunizada com as duas doses de vacinas. Em abril de 2020 houve a primeira reunião do Consórcio Covax Facility sem a presença de nenhuma autoridade brasileira. O governo brasileiro só foi se pronunciar a respeito do assunto em junho. A adesão ao programa só ocorreria em setembro, depois que 170 países já tinham aderido.
Tentando tirar o corpo fora sobre o atraso e a decisão sobre o número de vacinas, Araújo disse que não foi dele a decisão de reduzir ao mínimo o pedido de vacinas ao consórcio internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS). Disse que não foi dele, mas sim do Ministério da Saúde, porém não informou como foi feita a comunicação ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) para a tomada de decisão.
O ex-ministro não soube dizer se essa decisão foi comunicada através de ofício do Ministério da Saúde ou por outra via qualquer. Nessa hora o presidente da CPI chamou a atenção do depoente para o fato de que ele estava sob juramento. O vice-presidente alertou que todos os comunicados entre os órgãos serão requisitados pela CPI.
Durante o depoimento, Ernesto Araújo também atacou a OMS, afirmando que o organismo internacional teve um “comportamento de idas e vindas” durante a pandemia.
A acusação foi feita em meio à explicação que o ex-chanceler tentava dar para a posição brasileira de seguir praticamente sozinho o então presidente dos EUA, Donald Trump, em sua campanha para esvaziar a organização internacional. O depoente justificou a adesão à tese de Trump como sendo a maneira de não dar um cheque em branco para a OMS.