A esposa do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pegou carona no voo oficial em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para passar férias em Paris.
Segundo cartilha do governo, tal procedimento é vetado.
Maria Eduarda de Seixas Corrêa, esposa do ministro, tirou férias em seu emprego no setor administrativo do Itamaraty para conhecer a capital francesa sem precisar pagar passagem e hospedagem.
A carona foi dada pela comitiva que levava Ernesto Araújo e sua equipe para participarem das reuniões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aconteceram entre os dias 20 e 25 de maio em Paris.
Além disso, Maria Eduarda ficou hospedada junto com o ministro Ernesto Araújo no centenário Hotel Bedford, no centro histórico de Paris, a menos de três quilômetros da famosa Champs-Élysées. Já ficaram hospedados no hotel D. Pedro II e o compositor Heitor Villa-Lobos.
Segundo o site do hotel, as diárias variam entre 160 e 490 euros (equivalentes a R$ 734 e R$ 2.250, respectivamente), mais as taxas, que mudam de acordo com o número de ocupantes.
Ernesto Araújo, que estava em viagem oficial, além de ter feito reuniões com membros da OCDE e da Organização Mundial do Comércio (OMC), reuniu-se com o chanceler francês Jean-Yves Le Drian.
No começo de agosto, Le Drian veio ao Brasil para se reunir com Jair Bolsonaro. Porém, Bolsonaro cancelou a reunião, alegando uma emergência, para ir cortar o cabelo, atividade diplomática que ele gravou e divulgou em vídeo.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), “a prioridade desse governo é a mamata”.
“Enquanto Bolsonaro prega boicote à França, ofende a primeira dama francesa e briga com Macron, Ernesto Araújo discorda: levou sua esposa em avião da FAB para passar férias em Paris. O absurdo parece não ter limites mesmo”, comentou através de suas redes sociais.
“Bolsonaro irá cortar mais de 5.600 bolsas da CAPES. Já cortou 11.811 bolsas! Porém: Ernesto Araújo levou a esposa em avião da FAB para passar férias em Paris; Eduardo Bolsonaro almoçou em Washington com a conta em torno de R$ 4 mil”, lembrou o senador em outra postagem.
AS “NORMAS” DE BOLSONARO
No começo de seu governo, Bolsonaro distribuiu entre seus ministros e outros funcionários uma cartilha sobre a postura, a norma e os procedimentos que deveriam ter. Nela, Bolsonaro diz que somente o ministro e a sua equipe podem estar em vôos oficiais.
Além disso, afirma que as aeronaves devem ser utilizadas por motivos de emergência médica, viagem a serviço ou segurança.
Acontece, porém, que nem o próprio Bolsonaro seguiu essas orientações de fachada.
Em maio, familiares de Bolsonaro foram levados para o casamento de seu filho Eduardo em um helicóptero da FAB.
Um sobrinho de Jair Bolsonaro, Osvaldo Bolsonaro Campos, gravou um vídeo durante o percurso. “E aí, senhores, estamos bonitos? Vamos passear de helicóptero”, disse.