47% das empresas estão com capital de giro insuficiente e 45% já estão penduradas em bancos, segundo pesquisa do Simpi
Para os micros e pequenos empresários da indústria, as altas taxa de juros são o principal entrave dos empréstimos e financiamentos no país, aponta a pesquisa do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo (Simpi), em parceria com Datafolha, divulgada nesta sexta (21). “A escalada da taxa de juros está sendo mortal para 92% das empresas”, denunciou presidente do Simpi, Joseph Couri.
Segundo os dados da 7ª rodada da pesquisa Simpi/Datafolha, apesar do volume de consulta de empréstimos e financiamento por empresas da indústria de micro e pequeno porte ter aumentado de 11% para 17% entre o bimestre de fevereiro e março e abril e maio, 46% dessas empresas tiveram os seus pedidos rejeitados pelas instituições financeiras.
“A causa raiz, é o fato da Selic ter galopado de 2% para 13,75% em curto espaço de tempo”, disse, ao elencar uma série de prejuízos que os juros altos propõem, como as recuperações judiciais de grandes empresas e o aumento da inadimplência das empresas e das famílias, por exemplo – fatores esses que estão sendo usados pelos bancos para restringirem ainda mais o acesso ao crédito as empresas.
De acordo com a pesquisa Simpi/Datafolha, 39% das empresas entrevistadas apontaram a taxa de juros como o principal obstáculo para conseguirem empréstimos.
“O mote principal deste cenário difícil é indiscutivelmente a taxa de juros. Porque quando se toma o empréstimo do dinheiro, não é nem 13,75%. Isso é só o valor referencial da Selic”, lembrou Joseph Couri. “Na prática, qualquer financiamento está começando em 20%, 30%. Se cair num cartão de crédito é mais de 400%”, criticou o presidente do Simpi, que avalia que o Banco Central (BC) deve iniciar tão logo a redução da taxa de juros e que, após ter iniciado o corte na taxa, não demore muito para derrubá-la até 6%.
Os empresários também apontaram as dívidas e as garantias exigidas pelos bancos como causas para a dificuldade no acesso ao crédito.
Tais exigências são cruéis aos empresários. Após a catástrofe da pandemia de covid-19 – somado a isso a estagnação econômica da última década, que foi agravada pelo desatinado governo Bolsonaro – as empresas estão mais endividadas e continuam enfrentando dificuldades, já que os juros altos estão desaquecendo a economia ao impor uma bruta restrição ao consumo de bens e serviços no país.
Neste cenário, 47% das empresas não possuem capital de giro suficiente para fechar o mês, segundo aponta a pesquisa da Simpi.
“Somente 8% das empresas [das micro e pequenas indústria do Brasil] estão em posição confortável hoje. Do restante, 47% estão com capital de giro insuficiente e 45% já estão penduradas em bancos. Portanto, para 8% a escalada da taxa de juros não foi mortal, mas para 92% está sendo”, declarou Couri.