Após a intensificação do alerta de instabilidade da Barragem Casa de Pedra, em Congonhas, na Região Central de Minas, e do próprio comandante do Corpo de Bombeiros admitir a gravidade da situação, se criou um estado de apreensão tão grande nos bairros suscetíveis a soterramento, que pais de crianças que estudam nessas quatro comunidades declararam que vão tirar os filhos das unidades.
Desde 2016, quando a barragem apresentou infiltrações, a proprietária, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), tenta mostrar resultados no combate a esses indicativos de problemas estruturais. Tal situação fez com que o governo de Minas Gerais tomasse ações paralelas, com um grupo de ação formado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e outras secretarias, como mostrou a reportagem do Estado de Minas da última quinta-feira (9).
Os problemas identificados na Barragem Casa de Pedra foram localizados no Dique de Sela, um paredão de 80 metros de altura, que auxilia na contenção de 9,2 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. As ombreiras da construção, que são o seu apoio sobre morros naturais, apresentaram, de acordo com parecer técnico da Central de Apoio Técnico (Ceat) do Ministério Público (MP), fator de estabilidade de 1,3, sendo que o mínimo exigido pela legislação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é 1,5.
Sob os maciços de terra e rejeitos, na área identificada como suscetível à devastação de um rompimento, foram identificadas 1.367 casas e uma população de 4.800 pessoas nos bairros Cristo Rei, Gran Park, Eldorado e Residencial, alguns com residências a menos de 250 metros da estrutura em obras.
Muitos pais estão assustados com a falta de informações e temerosos pela segurança de seus filhos enquanto estão fora trabalhando e por isso começam a procurar outras creches em locais mais seguros. “Todo mundo está muito assustado. E já conversei com muitos pais que avisaram que estão procurando outros lugares para transferir os filhos e que já no ano que vem vão tirar os meninos daqui”, conta uma das funcionárias de uma creche na região, a faxineira Rosilene Martins, de 44 anos.