Com 66 anos, o líder palestino, foi agredido até ficar inconsciente, relatam ex-detentos. A família teme por sua vida
Marwan Barghouti, deputado palestino e presidente do partido Fatah na Cisjordânia, foi espancado por oito guardas israelenses até ficar inconsciente e a família teme por sua vida, alertou o filho, citando informações fornecidas por ex-detentos libertos pelo cessar-fogo com Israel divulgadas esta semana e que estavam no mesmo cárcere de Barghouti.
Preso há mais de duas décadas, esta é a quarta vez que o mais popular líder palestino foi violentamente agredido nos últimos dois anos. Conforme o Asra Media Office, que cobre questões de prisioneiros palestinos, “perdeu a consciência e sofreu fraturas em quatro costelas como resultado da surra”.
Conforme Arab Barghouti, seu pai de 66 anos, foi agredido em 14 de setembro ao ser transferido da prisão de Ganot para Megiddo, quando, estimulado pela extrema-direita, foi recebido de forma covarde. Cinco dos prisioneiros palestinos libertados e deportados para o Egito na segunda-feira (13) reportaram as mesmas denúncias sobre o tratamento dado ao líder.
CHUTES NA CABEÇA, NO PEITO E NAS PERNAS
“O que sabemos é que, enquanto transferiam meu pai, eles pararam no caminho e oito seguranças que trabalhavam para a autoridade prisional começaram a espancar meu pai de diferentes maneiras, chutando-o, jogando-o no chão, socando-o, concentrando-se na área da cabeça, no peito e também nas pernas”, informou Arab, acrescentando que seu pai contou mais tarde aos demais presos que perdeu a consciência como resultado da intensidade das pancadas. “Os detidos libertados disseram que quando ele chegou a Megido mal conseguiu andar durante dias”, frisou.
Em confinamento solitário desde o genocídio israelense contra a Faixa de Gaza em outubro de 2023, Barghouti é membro do partido Fatah, de Yasser Arafat, e encabeçou a lista de reivindicações do movimento de libertação islâmica Hamas nas negociações com Israel para ganhar a liberdade, mas teve seu nome excluído instantes antes da libertação por intervenção de Netanyahu.
EXTREMA DIREITA ESTIMULA O RACISMO E A PERSEGUIÇÃO
O covarde espancamento ocorreu após uma visita à prisão de Marwan Barghouti feita pelo ministro da Segurança Nacional israelense, Itamar Ben Gvir, em agosto. Ben Gvir, membro de um partido de extrema direita com condenações anteriores em tribunais israelenses por incitação ao racismo e apoio a uma organização terrorista, provocou Barghouti exibindo ao prisioneiro uma imagem de uma cadeira elétrica, ressaltando que ele merecia ser executado.
Em uma declaração citada no jornal Maariv na quarta-feira (15), o nazi-israelense elogiou o “trabalho sagrado” desenvolvido pelos “combatentes do serviço prisional”, reiterando estar orgulhoso de que a situação de Barghouti tenha mudado radicalmente durante seu mandato: “o tempo de recreação acabou, os acampamentos de férias acabaram”.
Preso por defender a soberania da Palestina, e sentenciado a cinco penas de prisão perpétua, mais 40 anos de prisão, Barghouti foi submetido a um julgamento condenado pela União Interparlamentar por ser “profundamente falho” em um processo completamente viciado em favor dos invvsores.
Como parte do acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA, que entrou em vigor no fim de semana, 250 prisioneiros palestinos cumprindo penas de prisão perpétua foram libertados, e a maioria deles deportada para o Egito.
“A VOZ DA RAZÃO”
Para Arab Barghouti, a perseguição sionista se explica: “Meu pai representa a voz da razão”. “Ele é o líder palestino mais popular, mas, ao mesmo tempo, tem uma visão política aceita pela comunidade internacional que pode contribuir para a estabilidade da região, que é a Solução de Dois Estados”, assinalou.
O fato, explicou Arab, é que seu pai tem sido um defensor ferrenho da Solução de Dois Estados por mais de três décadas. “Acredito que o fato de o governo israelense insistir que ele não faz parte do acordo é uma declaração clara de que eles não estão procurando um líder palestino legítimo e confiável. Eles querem que continuemos divididos”, concluiu.