
Diante do recente massacre de crianças do Iêmen pela Arábia Saudita, o governo da Espanha anunciou, segunda-feira, o cancelamento de um contrato de venda de mais de 400 bombas de precisão laser à monarquia, que vêm sendo utilizadas para bombardear hospitais, mercados e escolas.
A suspensão do contrato – assinado com o príncipe herdeiro e ministro da Defesa da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman – ocorre logo após o bombardeio em que morreram 51 estudantes, entre eles 40 crianças, numa agressão que já matou, desde 2015, mais de 14.000 iemenitas e colocou milhões à beira da fome. O massacre de inocentes tem sido uma prática da monarquia árabe e seus aliados para reinstalar o sanguinário governo aliado de Riad.
O Ministério de Defesa espanhol informou que, conforme o acordo de abastecimento de armamentos firmado entre ambos os países, não estava prevista a sua utilização em agressões contra o Iêmen e comunicou, com antecedência, a imediata devolução de 9,2 milhões de euros. A partir desta suspensão provisória, o país passa a ser a quarta nação a deixar de entregar armas, munições, aviões e bombas aos sauditas, aproximando a Espanha da finalização absoluta do seu subministro, como já fazem Alemanha, Bélgica, Canadá, Finlândia, Noruega e Suécia.
“Há evidências extensas de que fluxos irresponsáveis de armas para a coalizão liderada pela Arábia Saudita resultaram em enormes danos aos civis iemenitas. Mas isso não impediu que os EUA, o Reino Unido e outros estados, incluindo França, Espanha e Itália, continuassem transferindo bilhões de dólares em tais armas. Além de vidas civis devastadoras, isso ridiculariza o Tratado de Comércio de Armas global”, declarou a Anistia Internacional.
Desde que a Arábia Saudita iniciou a operação militar no Iêmen, suas compras de munição espanhola praticamente triplicaram, passando de 34,7 milhões de euros em 2016 para 90,1 milhões de euros no ano passado.