“Sou a favor da preservação. Temos que preservar sim. Mas o que não é admissível é ter isso como um mito e prejudicar o desenvolvimento da nação”, afirma o professor Alberto Garcia de Figueiredo Junior, titular do Departamento de Geologia Marinha na UFF
Grande conhecedor da Amazônia, o professor titular do Departamento de Geologia Marinha na Universidade Federal Fluminense (UFF), Alberto Garcia de Figueiredo Junior, vem desmascarando, desde 2018, a narrativa criada pelo Greenpeace e outras ONGs internacionais, que vem sendo difundida atualmente por setores da mídia de que há corais na Amazônia, na tentativa de impedir que o governo brasileiro, através da Petrobrás, explore a região em benefício da nação.
O especialista contesta as imagens propagadas de corais “que não são da Margem Equatorial”.
“O que tem lá são algas calcárias e alguns rodolitos, que na sua grande maioria são mortos. Há rodolitos, também [outros] carbonatos de 17 a 20 mil anos”, afirma o autor do estudo “Mitos e Verdades sobre os Corais da Foz do Amazonas”, apresentado durante o 49º Congresso Brasileiro de Geologia, em 2018, no Rio de Janeiro.
O professor avalia que as notícias falsas feitas pelas ONGs internacionais, de que há vida marinha abundante de corais na plataforma continental da Amazônia, contribuiu para o Ibama não liberar o licenciamento ambiental da Petrobrás, que busca perfurar um poço que fica a cerca de 160 km da costa do Oiapoque (AP), a 500 km da Foz do rio Amazonas e a 2.800 metros de profundidade.
“Certamente, corais e algas calcárias vivas são importantes e deve-se tornar um cuidado, é fundamental. Eu sou a favor da preservação ambiental. Mas no caso, criou-se esse mito de uma variedade de vidas lá que não é real. E, sobre a questão da segurança, nós temos muito mais vidas na borda de plataforma da Bacia de Campos, na Bacia de Santos, do que a da Amazônia. Essas plataformas e os campos de petróleos estão muito mais próximos, mas não existe notícia de que derramamento de óleo tenha atingido a borda de plataforma [continental] derivado desses campos”, frisou o professor.
“Sou a favor da preservação. Temos que preservar sim. Mas o que não é admissível é ter isso como um mito e prejudicar o desenvolvimento da nação”, afirmou Alberto Garcia de Figueiredo Junior.
A palestra do geólogo Alberto Garcia, que foi concedida na quarta-feira, 23 de agosto, ao Canal do Youtube do consultor e professor da PUC-RJ, Armando Cavanha, com participação do geofísico sênior Jairo Marcondes de Souza, que trabalhou por 42 anos na Petrobrás.
Alberto Garcia destaca que há cerca de 3 anos ele vem participando da chamada Rede Amazônia Azul, um projeto composto por várias universidades, “principalmente do Norte e Nordeste, e algumas universidades do Sul, onde nós criamos essa rede para mostrar que realmente nós temos muita informação da plataforma continental [da Amazônia]”. Chama-se de plataforma continental, a porção do fundo oceânico que margeia os continentes.
“Uma das informações que nós temos, por exemplo, mostra uma série de imagens do fundo marinho, fotografia tirada do fundo marinho, onde a gente vê pela parte mais ao norte, na costa do Amapá, o fundo é lamoso, não aparecendo nada daquilo do que foi mostrado na mídia. Descendo um pouquinho mais em frente, já em frente à Foz do Amazonas, em frente da a Ilha de Marajó, lá na borda da plataforma também mais lamoso. E indo em direção ao Maranhão, também é mais lamoso”, ressaltou.
“Na verdade, a plataforma continental tem menos lama à medida que a gente vai para Ceará e Rio Grande”. “Colegas que participam da rede Amazônia Azul fizeram mergulhos com submarino e radiografia multifeixe, que mostra em detalhe o fundo marinho”, acrescentou.
Em algumas áreas, “então, foram encontrados arenitos capeados por carbonatos. A gente vê uma série, como se fossem agulhas no fundo do mar, na verdade são áreas sobre elevadas do fundo marinho, que são arenitos e, por cima desse arenito, um pouco de carbonato, que foram gerados durante o nível de mar mais baixo”, explicou o pesquisador, destacando que “os carbonatos que estão lá hoje, sua grande maioria está morta. Não tem algas calcárias e corais muito menos”.
Os recifes de corais são formados por uma estrutura de deposição de carbonato deixada por organismos marinhos e animais invertebrados, portadores de esqueleto calcário. Esse ecossistema marinho de alta biodiversidade tem dificuldades de se desenvolver na plataforma continental da Amazônia porque, explica o especialista Figueiredo Junior, “a pluma de sedimento do Amazonas interfere com a proliferação de algas calcárias ou qualquer outro tipo de vida carbonática”.