“A Petróleos Mexicanos (Pemex) foi transformada pelos governos neoliberais em um mecanismo de transferência das riquezas extraídas da exploração dos hidrocarbonetos nacionais para grandes empresas do país e estrangeiras”, denunciaram nesta quarta-feira especialistas em energia. “Houve uma política sistemática de debilitar a empresa produtiva do Estado”, sublinharam, alertando que não bastasse o repasse de ativos públicos estratégicos a privados, provocaram uma deterioração operativa e financeira da Pemex.
“Esta política se acabou. Estamos levantando, resgatando a indústria petrolífera”, afirmou o presidente Andrés Manuel López Obrador, frisando que foi deixada pelos governos anteriores numa condição de “desastre”.
Para Fluvio Ruiz Alarcón, ex-conselheiro profissional independente de Pemex, “é muito positivo que se esteja revertendo o que era una política metódica e cotidiana de ceder espaços a empresas privadas no setor de hidrocarbonetos”.
O especialista em energia Arturo Carranza avalia que “foram tomadas más decisões nas administrações passadas da Pemex, com um entendimento limitado da indústria em geral”, o que implica nos resultados atuais.
PRÁTICAS CRIMINOSAS
Dados oferecidos pelo gerente geral da empresa, Octavio Romero Oropeza, ao jornal La Jornada mostram que se tratam de práticas criminosas, de sabotagem ao desenvolvimento nacional. As ações delituosas incluem o investimento de recursos da Pemex em um estaleiro espanhol falido – operação da qual não resultou “nenhum centavo” de rentabilidade – ou em um contrato “lesivo” que obrigava a petroleira estatal a fornecer insumos industriais a preço inferior ao de mercado e subsidiar os custos operacionais; ou ainda vender parte das instalações de suas refinarias.
De forma pormenorizada, Oropeza relatou durante uma conferência de imprensa uma dezena de fatos ocorridos em anos recentes que dão a dimensão do estrago, exemplificando a forma como a Pemex foi utilizada para fins escusos. Ao mesmo tempo, a partir de novos investimentos, projetou um futuro de sucesso para a estatal.
Entre as prioridades o gerente anunciou a recompra de duas usinas de hidrogênio (Tula e Madero), que foram vendidas ao setor privado em decorrência da abertura do setor, o que deixou a Pemex sem uma unidade estratégica para a produção de derivados de petróleo.
Com o mesmo objetivo de fortalecer a empresa, será dada continuidade à construção de uma planta de coqueamento na refinaria de Tula – o que permite aumentar a produção de combustíveis -, com um investimento de US$ 2,64 bilhões. O investimento proporcionará uma produção adicional de 42 mil barris diários de gasolina, 78 mil barris de diesel com baixíssimo teor de enxofre e 20 mil barris de combustível de avião.
Também foi realizado o resgate de fábricas de fertilizantes, de forma a garantir o abastecimento nacional desse insumo. Nesse sentido, anunciou Oropeza, que as diferentes áreas de fertilizantes da Pemex vão se somar numa entidade que atua como produtora e fornecedora nacional.