“Financeirização fez com que estagnássemos o nosso crescimento”, afirmou. “São questões que precisam ser debatidas, por um Brasil que pode ser mais próspero, mais justo”
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, avalia que o pensamento financista que tomou o mundo, disseminado por grande parte da mídia brasileira ao longo das últimas décadas, “fez estagnar o nosso crescimento” econômico.
“A grande maioria da imprensa brasileira adotou um posicionamento muito ortodoxo dessa financeirização que tomou conta, não só do Brasil, mas do mundo ocidental nas últimas três décadas, e que fez com que estagnássemos no nosso crescimento”, afirmou Josué Gomes, no seminário “Um Projeto de Brasil”, promovido por CartaCapital, na sexta-feira (29).
“Afinal de contas, se tivéssemos crescido a média do mundo, não a média dos países em desenvolvimento, nós teríamos hoje um PIB per capita mais do que o dobro do que temos”, observou. “Imagina o Brasil com um PIB de mais de 4 trilhões de dólares, com um PIB per capita de mais de 20 mil dólares por habitante”, afirmou.
Para o dirigente da Fiesp, “são questões que precisam ser debatidas, por um Brasil que pode ser mais próspero, mais justo”.
Segundo dados da Fiesp, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 10,8% em 2023, o pior resultado da série histórica, iniciada em meados dos anos 90, quando a participação da indústria no PIB ficou na casa dos 17%. Na década de 1980, esse percentual chegou a superar os 30%.
O empresário abriu a mesa inicial de debates do seminário, na sede da Fiesp, em São Paulo, ressaltando as potencialidade do Brasil, sua dimensão, águas territoriais, de um subsolo riquíssimo e um dos maiores potenciais de geração de energia limpa, “de milhões de brasileiros dedicados, laboriosos”. “Uma das matrizes mais sustentáveis e com potencial de crescimento nas energias, especialmente eólica, solar e biomassa, incomensurável”, disse.
“Mas, ao mesmo tempo”, ressaltou Josué, “não há com nós não nos indignarmos com um país rico como este não estar propiciando a mesma oportunidade para todos os brasileiros. A começar por uma oportunidade de igualdade de oportunidades. Isso só se dará com uma educação cada vez mais acessível para as nossas crianças”, defendeu.