A cantora de jazz Esperanza Spalding revelou, no domingo (2/2), um episódio constrangedor envolvendo Milton Nascimento durante a cerimônia do Grammy. Ela contou que o multiartista brasileiro foi impedido de ocupar um assento na mesa principal do evento, apesar de estar indicado na categoria de Melhor Álbum Vocal de Jazz. O disco Milton + Esperanza, fruto da colaboração entre os dois artistas, concorreu ao prêmio, que acabou sendo entregue a Samara Joy pelo álbum Linger Awhile.
Em suas redes sociais, Esperanza expressou indignação, deixando claro que sua insatisfação não se devia à derrota na categoria, mas ao tratamento desrespeitoso dado a Milton pela organização do evento. Como forma de protesto simbólico, ela carregou uma placa com a foto do cantor brasileiro e a frase: “Esta lenda viva deveria estar sentada aqui”.
“Não é uma questão de quem venceu o Grammy. Estamos celebrando a gloriosa vitória de Samara Joy. Estou falando de um assento real, aqui nesta mesa em que estou sentada”, enfatizou Esperanza, destacando que o problema não era o resultado da premiação, mas a falta de reconhecimento adequado a Milton.
A cantora reforçou a gravidade da situação: “Estou indignada porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para sentar entre os A-listers, ou seja lá como organizam as mesas no salão principal. Então, tive que trazê-lo comigo”.
A falta de consideração com Milton Nascimento é ainda mais chocante diante de sua trajetória e contribuição para a música mundial, inclusive no Grammy. Em 1998, o cantor venceu o prêmio na categoria Melhor Álbum de World Music com o disco Nascimento (1997). Além disso, sua colaboração com o saxofonista Wayne Shorter resultou no clássico álbum Native Dancer, lançado em 1975, um marco na fusão entre jazz e música brasileira.
Aos 82 anos, Milton personifica a grandeza da música brasileira e internacional, sendo justamente descrito por Esperanza Spalding como “uma lenda viva”. A derrota na categoria faz parte do jogo, mas a postura da organização em negar a ele um assento à altura de sua relevância configurou um desrespeito inaceitável. Por esse gesto de descortesia, a organização do Grammy deve, no mínimo, um pedido de desculpas públicas a um dos maiores nomes da música do Brasil.