“O que aconteceu agora [depois de sentenciada a extradição de Assange aos EUA] foi especialmente cruel, declarou a advogada Stella Morris, esposa do jornalista
Julian Assange foi revistado nu e levado para uma cela vazia no mesmo dia em que a ministra do Interior da Inglaterra, Priti Patel, aprovou sua extradição para os EUA, denunciou a esposa do fundador do WikiLeaks, Stella Moris, a repórteres. Ele foi mantido lá durante vários dias sob o pretexto de que os guardas da prisão de Belmarch (Londres) faziam uma busca em sua cela permanente, informou.
“A prisão é uma humilhação constante, mas o que aconteceu na semana passada foi especialmente cruel”, constatou Moris, que relatou que os agentes disseram que estavam procurando por objetos que o prisioneiro pudesse usar para se matar.
Stella assinalou que esse tipo de tratamento não é tolerável. “Qualquer um acharia humilhante. A fadiga mental de Julian é enorme e ele tem que lidar com o que é essencialmente uma sentença de morte”, apontou.
O fundador do WikiLeaks está na prisão de segurança máxima de Belmarsh desde abril de 2019, quando os tribunais britânicos assumiram a responsabilidade sobre a possível extradição de Assange para os EUA, decisão que agora tomaram.
A secretária do Interior, Priti Patel, assinou na sexta-feira (17) a ordem de extradição do jornalista para os Estados Unidos, onde um tribunal de fancaria o aguarda para uma pena de 175 anos por publicar provas dos crimes de guerra dos EUA no Iraque, Afeganistão e Guantánamo, que o governo de Washington acusa de “espionagem”.
A esposa de Assange e sua defesa já anunciaram que vão apelar da iníqua decisão em todas as instâncias legais, a começar pela Suprema Corte britânica. “Hoje não é o fim da luta, é apenas o começo de uma nova batalha legal”, manifestaram.
O WikiLeaks chamou a ordem de Patel de “dia sombrio para a liberdade de imprensa” e para a democracia e disse que a ministra do Interior será lembrada para sempre como “cúmplice dos EUA” em sua agenda para tornar crime o jornalismo investigativo e na extradição de Assange “para o país que tramou assassiná-lo”.
Sobre a batalha legal pela frente e possível uso do “recurso cruzado”, como assinalou o editor atual do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, “os juízes terão todos os outros elementos, os elementos importantes, que foram discutidos pelo tribunal do magistrado, mas desconsiderados pelo Supremo Tribunal porque não era o ponto de apelação”.