O juiz da 26ª Zona Eleitoral em Belo Horizonte, Renan Carreira Machado, negou a revogação da prisão temporária dos três auxiliares do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, presos na segunda fase da Operação Sufrágio Ostentação, que investiga as candidaturas de laranjas do PSL em Minas Gerais.
Um dos presos na quinta-feira (27) é o assessor especial do ministro, Mateus Von Rondon, que estava em Brasília
O coordenador da campanha de Álvaro Antônio à Câmara dos Deputados em 2018, Roberto Silva Soares, e o assessor do ministro na Câmara dos Deputados, Haissander Souza de Paula, são outros dois presos.
O ministro do Turismo e seu entorno são investigados pelas candidaturas de laranjas com o objetivo de desviar dinheiro público do fundo eleitoral. O PSL, partido de Bolsonaro, montou um esquema em Minas com candidaturas de fachada de mulheres que receberam volumosas quantias. Não fizeram campanha, tiveram poucos votos e devolveram dinheiro recebido para o esquema do ministro. E forjaram confecção de material de campanha em gráficas de fachada do esquema.
O material de campanha foi confeccionado em empresas de fachada dos assessores do ministro, que foi o deputado federal mais votado em Minas. Uma das empresas pertencia ao assessor Mateus Von Rondon, que aparece na prestação de contas de quatro candidatas a deputada estadual e federal usadas como laranjas pelo PSL de Minas. De acordo com a Polícia federal, empresa de Rondon foi criada só para esta finalidade, pois foi fechada logo após o fim das eleições.
As candidatas laranjas Lilian Bernardino, Naftali Tamar, Débora Gomes e Milla Fernandes declararam ter pago quantia de R$ 32 mil à empresa de Von Rondon.
Já Roberto Silva Soares negociou devoluções de dinheiro com as candidatas suspeitas em nome do ministro, na época presidente do PSL de Minas. Soares é o atual primeiro-secretário do diretório do PSL em Minas.
O irmão dele, Reginaldo Donizete Soares, é sócio de duas empresas (I9 Minas e a Imagem Comunicação) que figuram como prestadoras de serviços eleitorais (pesquisas e publicidade) às candidatas investigadas. De acordo com a PF, a I9 Minas não funcionava havia menos dois anos, mas de acordo com informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as duas empresas receberam R$ 44,9 mil de duas candidatas.
Por seu lado, Haissander de Paula, que na época trabalhava como assessor do gabinete Álvaro Antônio na Câmara do Deputados, também cobrava das candidatas a devolução dos recursos de campanha do fundo eleitoral para destiná-los a uma empresa ligada a outro assessor político (a gráfica do irmão de Robertinho).
As quatro candidatas – Lilian Bernardino, Camila Fernandes (Milla), Débora Gomes e Naftali Tamar – receberam R$ 279 mil do fundo eleitoral e gastaram pelo menos R$ 85 mil com empresas ligadas aos assessores do atual ministro. Somadas, as candidatas tiveram apenas 2.074 votos.
Algumas ex-candidatas denunciaram o esquema e implicaram o ministro diretamente na armação. Uma delas foi Zuleide Oliveira, que afirmou ter recebido a proposta de lavar R$ 45 mil diretamente de Marcelo Álvaro Antônio. Dos R$ 60 mil que iria receber, R$ 45 mil teriam que ser devolvidos para o esquema do ministro.
A deputada federal do PSL, Alê Oliveira, prestou depoimento à Polícia Federal, em 13 de maio, em Belo Horizonte, e afirmou que o ministro do Turismo “orquestrou” o esquema. “Confirmei a forma como eu cheguei até o esquema, e da minha convicção de que ele tenha sido orquestrado pelo ministro”, disse a deputada.
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