Recessão e inflação em alta, além de ataque à Previdência, colocam em risco maioria de Macron, cuja coalizão fica em segundo no primeiro turno das eleições para o parlamento da França
Com o avanço da crise e da inflação e sem conseguir apresentar soluções diante da retração, a coalizão do presidente da França, Emmanuel Macron, perdeu força nas eleições parlamentares e se o resultado se repete no segundo turno, poderá não ter maioria no parlamento. O segundo turno das eleições parlamentares será no dia 19 de junho.
No primeiro turno das eleições parlamentares, o grupo Nupes (Nova União Popular Ecológica e Social), liderado por Jean-Luc Mélenchon, que critica o neoliberalismo de Macron e representou uma união de forças de esquerda foi o mais votado, tendo 25,6% do total.
Em segundo lugar aparece o Ensemble!, aliança do presidente Emmanuel Macron, com 25,2%.
O grupo de extrema-direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, que disputou o segundo turno das eleições presidenciais contra Marcon, perdeu força e ficou em terceiro lugar com 19,1% dos votos.
Esse resultado, somado à taxa de 52,8% de abstenção, a maior desde 1958, demonstra a crescente indignação dos franceses contra as políticas de recessão e arrocho exercidas por Emmanuel Macron.
No primeiro trimestre do ano, a retração na economia foi de 0,2%, enquanto a inflação chegou a 5,2% no acumulado de 12 meses, a mais elevada desde 1985. A inflação foi puxada pela alta no preço da energia, que chega a 28% em um ano, serviços e alimentos, como das carnes congeladas, que subiu 11,34%.
Nesse cenário, o presidente reeleito da França, Emmanuel Macron, não apresenta nenhuma proposta fora da cartilha neoliberal e apoia as sanções econômicas contra a Rússia como instigado por Washington, o que só levou a piora dos índices econômicos franceses. Um tiro no pé para os países europeus que aderiram ao bloqueio.
Entre as medidas impopulares que levaram multidões de trabalhadores a paralisações e manifestações massivas por toda a França, Macron propõe, uma ‘reforma’ da Previdência que aumentará a idade mínima para a aposentadoria.
O candidato a primeiro-ministro Jean-Luc Mélenchon, por outro lado, afirmou que “o neoliberalismo faliu. Suas receitas não podem mais ser aplicadas”.
Mélenchon disse que a aposentadoria deve ser aos 60 anos e que Macron mente para os eleitores ao falar que pretende aumentar o valor mínimo do benefício.
“Macron diz que vai colocar a pensão mínima em 1000 euros? É o mesmo que, quando foi Ministro da Economia de François Hollande durante 2 anos, e Presidente da República durante 5 anos, se esqueceu de o fazer. Um bom falador”, publicou Mélenchon.
Um grupo de mais de 300 economistas franceses, entre eles Thomas Piketty, autor de “O Capital no século XXI”, divulgou um manifesto em apoio ao programa econômico do Nupes e de Mélenchon.
O grupo apoia medidas para “preservar o poder aquisitivo, garantir o acesso à saúde e a um sistema de educação de qualidade e investir massivamente na transição ecológica”, assim como a manutenção da aposentadoria aos 60 anos.
Para o grupo, é necessário “fornecer uma resposta imediata à crise social”, visando combater a inflação e estimular o crescimento.