Ministro se pronunciou após fascistas montarem nova farsa sobre presença de repórter fotográfico para fugirem de seus crimes no 8 de janeiro
Em meio à tentativa dos aliados de Jair Bolsonaro (PL) buscarem qualquer elemento que fortaleça a esdrúxula narrativa de que o próprio governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria responsável pelos ataques terroristas, o ministro da Justiça, Flávio Dino, foi às redes sociais e usou a ironia para desmoralizar o discurso de parlamentares da extrema-direita fascista.
“Os terroristas atacaram as sedes dos TRÊS PODERES, não só o Palácio do Planalto. Logo, se tudo foi “armação do PT”, os presidentes da Câmara, do Senado e do STF também participaram? Realmente esses golpistas são insanos. Mas não são maiores do que a LEI”, tuitou Dino.
Se prevalecer a chamada lógica política e a base de apoio, e o próprio governo, usarem de maneira inteligente a comunicação nas redes sociais, o bolsonarismo deverá ser emparedado. Não há como permanecer ou prevalecer essa loucura de que houve “infiltração petista”, que redundou em quebradeira nas sedes dos poderes, em Brasília.
IMAGENS INQUESTIONÁVEIS
No comando interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, que é auxiliar próximo de Dino na Justiça, diz que “as imagens confirmam o que o povo brasileiro já sabe”.
“O Brasil foi vítima de uma tentativa de golpe [de Estado]. Muitos criminosos já estão presos. Alguns conspiradores também. A Operação Lesa Pátria, da PF, não tem data para acabar. Todos serão identificados. A lei será cumprida”, afirmou Cappelli.
Entre parlamentares, aliados e bajuladores de Bolsonaro a teoria da conspiração surgiu após a divulgação da imagem em que fotógrafo, supostamente da Agência de Notícias Reuters, registra ataque ao gabinete presidencial a pedido do próprio terrorista.
Segundo a narrativa surreal bolsonarista, o fato de o repórter fotográfico fazer a cobertura dos ataques no local reforça a tese de que Lula sabia dos ataques.
CONGRESSO APROVA CPMI
Em sessão do Congresso Nacional realizada, nesta quarta-feira (26), foi aprovado o requerimento para criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Golpe — com deputados e senadores — para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.
O colegiado vai ser composto por 16 deputados e 16 senadores, além dos suplentes.
O próximo passo, agora, é instalar a comissão investigativa, que vai ser na próxima semana. A instalação se dá com a eleição, secreta, do presidente dos trabalhos. Eleito, o presidente, indica o relator.
Estes dois postos são vitais. O presidente, além de dirigir as reuniões, coordena todo o processo e dá a palavra final sobre quem convocar para depor.
O relator tem a prerrogativa de apresentar o relatório final de toda a apuração, que cabe à comissão fazer ao longo dos trabalhos.
Tudo indica que a base do governo vai indicar esses dois nomes. Não deverá haver acordo para que a oposição esteja em um desses cargos, que são vitais para o bom funcionamento dos trabalhos da CPMI.