
“Com a taxa de juro de 8% real, não há negócio em condições de concorrência”, afirmou o presidente da Fiesp, Josué Gomes, em debate com Campos Neto no Senado Federal
Entidades regionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em convocação para os atos do 1º de Maio, vêm reforçando a questão dos altos juros dos Banco Central como principal entrave para os avanços que o país precisa.
Em entrevista ao HP, Flauzino Antunes, economista, servidor público, ex-presidente do Sindicato dos Economistas e presidente da CTB do Distrito Federal, declarou: “Vamos passar uma mensagem neste 1º de Maio de confiança no futuro. Vamos, trabalhadores, empresários e governo, mudar essa política econômica, principalmente os juros absurdos de 13,5% e 8% de juros reais. Não podemos ficar na mão dessa figura tenebrosa do Campos Neto, presidente do Banco Central autônomo, isto é, submisso aos bancos”.
Flauzino lembrou que o presidente da Fiesp, Josué Gomes, no debate com Campos Neto, no Senado Federal, respondeu que, “com a taxa de juro de 8% real, não há negócio em condições de concorrência”.
O presidente da CTB-DF reforçou que “é preciso manter a chama acesa da vitória nas últimas eleições”. “Vencemos o fascismo e garantimos a democracia no país. Os golpistas continuam atuando, mais desmoralizados, muitos na cadeia, mais isolados, mas estão aí. Então, a questão mais importante é o Brasil se livrar de Campos Neto, que traz tantos prejuízos para nossa indústria e só beneficiam os banqueiros da Faria Lima e os monopólios estrangeiros”.
O dirigente sindical ressaltou que “neste 1º de Maio os trabalhadores estão na rua, unidos, em todo o país, para manifestar ao presidente Lula a urgência de fazer os investimentos públicos necessários ao crescimento econômico, de aumentar o salário mínimo para fortalecer o mercado interno e de reindustrializar o país, com uma indústria dependente do poder de consumo dos trabalhadores, de fortalecer os sindicatos e a negociação coletiva para criar, com a Justiça Trabalhista e o Ministério do Trabalho, uma rede em defesa do trabalhador”.
Flauzino considera que o 1º de Maio esse ano vai ser diferente. “Nós vencemos as eleições e retomamos a iniciativa. Vamos libertar o Brasil, acabar com a fome, criar empregos, garantir direitos e recriar a poderosa indústria nacional. Vamos, com a unidade dos trabalhadores, fazer cumprir as promessas do presidente Lula e fazer chegar as políticas públicas a quem precisa”. Para o economista, não há como fazer nada disso se não reduzirmos a taxa de juro, acabarmos com “austericídio” fiscal e não ficarmos reféns do superavit primário”.
“A questão essencial para classe trabalhadora e que deverá marcar de forma significativa o 1º de Maio é a redução das abusivas taxas de juros”
Para Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS, “a questão essencial para classe trabalhadora e que deverá marcar de forma significativa o 1º de Maio é a redução das abusivas taxas de juros, fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico e para a reconstrução do Brasil”.
Outra medida estratégica, segundo Guiomar, “é a valorização do salário mínimo. Hoje, a grande maioria dos trabalhadores brasileiros ganham salário mínimo”. O dirigente gaúcho também sublinhou como questões na ordem do dia “a valorização da negociação coletiva e o fortalecimento dos sindicatos”.
Na avaliação de Guiomar, “depois de um governo que promoveu a maior regressão da história do nosso país, depois de dois anos de pandemia, das regressivas reforma trabalhista e da Previdência, a eleição do presidente Lula abre uma nova perspectiva para o povo brasileiro, de reconstrução da nação, de reversão dos efeitos negativos das referidas reformas”.
O presidente da CTB-RS considera que “cabe a nós, dirigentes sindicais, identificarmos o que é principal para o país e mobilizar os trabalhadores para pressionar o governo e principalmente o Congresso Nacional, com objetivo de revertemos os efeitos desastrosos do último governo e retomarmos o desenvolvimento nacional”.
A principal comemoração do 1º de Maio no Rio Grande do Sul será em Porto Alegre. As centrais sindicais definiram a realização de um ato público unificado, na Praça da Usina do Gasômetro, das 14h às 18h.
“Não dá para conviver com a sangria de recursos do Tesouro Nacional através do pagamento de juros escorchantes de 13,75%”
No Rio de Janeiro, a comemoração será no Parque de Madureira, bairro operário da Zona Norte, entrocamento entre Zona Oeste e Baixada Fluminense. Para muitos, berço do samba carioca. Convocam o ato as centrais CTB, Nova Central, Força Sindica, UGT, CSB e CUT.
Conversamos com Paulo Sérgio Farias, o Paulinho, presidente da CTB do Rio e presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Niterói (Sindagua). Para Paulinho, “não dá para conviver com a sangria de recursos do Tesouro Nacional através do pagamento de juros escorchantes de 13,75%”. “Os recursos nacionais devem ser utilizados em investimento público para reindustrializar o país”.
O sindicalista afirmou que o movimento sindical do Rio luta pela reestatização da Cedae, companhia de águas privatizada pelo que considera o governo mais nefasto da história do estado, Cláudio Castro. Paulinho disse ainda que os sindicatos se uniram contra o congelamento, desde 2018, do piso regional dos salários.
“A perspectiva é que o Brasil volte a se desenvolver, gerar empregos de qualidade. Essa é a nossa expectativa, construir e retomar o caminho da democracia”
Assis Melo, metalúrgico de Caxias do Sul (RS), uma das maiores lideranças operárias do país, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica, ex- presidente do sindicato dos metalúrgicos e ex-deputado federal pelo PCdoB, também falou ao HP.
Segundo Assis, “este 1º de Maio tem um significado especial para os trabalhadores e trabalhadoras. Por si só é uma data histórica que tem sua relação com a luta dos trabalhadores. Mas há uma expectativa muito grande, resultado da derrota que o povo impôs a um governo fascista, golpista. Os trabalhadores e trabalhadoras têm uma perspectiva não só de garantia dos seus direitos, mas que o Brasil volte a se desenvolver, gerar empregos de qualidade. Essa é a nossa expectativa, construir e retomar o caminho da democracia”.
Assis considera que neste 1º de Maio vamos comemorar essa vitória. “Mas o 1º de Maio também é de luta e de esperança. Vamos fazer do 1º de Maio um momento de comemoração da derrota do fascismo, de retomar para o Brasil o caminho da democracia, do respeito aos direitos, da reconquista da soberania nacional e do desenvolvimento. Essa é a grande marca que este 1º de Maio vai deixar para as novas gerações”, concluiu.
O 1º de maio em Caxias do Sul será comemorado nos Pavilhões da Festa da Uva, a partir das 13h30, com a participação de políticos e artistas.
CARLOS PEREIRA