O governo brasileiro recebeu a informação nesta quinta-feira (9) de que o grupo será incluído na lista de estrangeiros que poderão deixar o país entre sexta-feira (10) e sábado (11), mas trata o assunto com cautela. Grupo de 34 brasileiros tinha sido avisado que iriam para o Egito. Brasileiro reclama de fronteira fechada em Gaza: “Por que não colocam nossos nomes na lista?”
O fechamento da fronteira da Faixa de Gaza com o Egito para saída de civis frustrou, mais uma vez, a expectativa de 34 brasileiros deixarem a zona de conflito. Em geral, nas guerras, as principais vítimas são os civis, em particular, crianças e mulheres.
O grupo recebeu mensagem da Embaixada do Brasil na Palestina avisando que a saída que estava programada para quarta-feira (8), tinha sido adiada para esta quinta-feira (9). No entanto, a saída de estrangeiros não foi autorizada e não há previsão para deixar as fronteiras da Palestina.
Todavia, o Itamaraty não confirmou a mensagem.
O governo brasileiro recebeu a informação nesta quinta-feira (9) de que o grupo será incluído na lista de estrangeiros que poderão deixar o país entre sexta-feira (10) e sábado (11), mas os diplomatas brasileiros tratam o assunto com muita cautela.
A passagem de Rafah foi fechada na quarta-feira, após ataque israelense a ambulâncias no norte de Gaza e em meio à troca de acusações sobre quebra de acordo para evacuação de civis. A fronteira foi reaberta, mas não há listas ou previsão para saída de pessoas.
LISTAS SEM BRASILEIROS
Com autorizações esporádicas, foram feitas 6 listas com nomes de estrangeiros para deixarem a área. Em nenhuma dessas havia brasileiros. O Itamaraty tenta avançar nas negociações, as listas são feitas a partir de negociações entre Israel, Egito, Estados Unidos e Catar.
Em vídeo, palestino naturalizado brasileiro Hasan Rabee rebateu as falas do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que disse que as listas com permissão para saída de estrangeiros são feitas pelo Egito.
“Como não tem nada a ver [com o atraso da saída de brasileiro]? Vocês que fazem e publicam essas listas. Só aliados de Israel estão saindo. Não sei qual mentira é essa? Coloquem nossos nomes depois a gente sai, por que não estão colocando nossos nomes nessa lista? Isso é um absurdo, somos reféns de Israel”, questionou.
‘COTA PARA SAIR DA FAIXA DE GAZA’
Em vídeo divulgado pela Embaixada de Israel no Brasil, o embaixador Daniel Zonshine afirmou que o país não tem interesse em atrasar a saída de brasileiros ou estrangeiros de qualquer nacionalidade. “A cota para sair da Faixa de Gaza é determinada pelo Egito e, de acordo com ela, algumas centenas de estrangeiros recebem permissão para sair a cada dia”, alegou falsamente.
Desde o início do conflito, em 7 de outubro, quando o Hamas — grupo que controla a Faixa de Gaza — matou cerca de 1 mil pessoas em Israel e capturou outras 200 como reféns em Israel, a região sofre resposta militar intensa e covarde.
A estimativa do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza é de que 10 mil pessoas morreram, das quais 4 mil crianças.
“Além dessas bombas, explosões, muita gente que morreu — mais de 10 mil pessoas, sendo 4 mil crianças — existe outra guerra: a guerra da fome, água, gás, combustível. Remédio a gente não encontra mais. Você entra no supermercado e não encontra nada”, disse Rabee.
‘ERA PARA SAIR HOJE [QUINTA-FEIRA]’
“Não sei o que tem que falar, a gente está bem cansado. A previsão era para sair hoje [quinta-feira] para o Egito, mas não aconteceu”, prosseguiu.
No vídeo enviado nesta quinta-feira, Rabee mostra a mãe fazendo pães em forno artesanal no chão. Com o cerco promovido por Israel, palestinos tem pouco acesso à água, alimentos, energia, internet e atendimento médico.
Em entrevista, a presidente do conselho de Médicos Sem Fronteiras-Brasil, Renata Santos, relatou que sem medicamentos, as operações de amputação são feitas sem anestesia e sem estrutura hospitalar.
REPATRIAÇÃO
O 6º e último voo programado da FAB (Força Aérea Brasileira), com brasileiros resgatados de Israel chegou ao Rio de Janeiro na madrugada do dia 19 de outubro.
A aeronave chegou ao Brasil trazendo 219 passageiros. O avião pousou na Base Aérea do Galeão.
Segundo o Itamaraty, 1.135 brasileiros foram repatriados desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro. Desde então, 6 voos da FAB foram direcionados para o resgate de brasileiros que estavam na região, na primeira fase da operação organizada pelo governo brasileiro.