
“Nós não estamos em guerra contra o terrorismo, mas em guerra pela nossa independência”, afirmou o chefe de Estado de Burkina Faso, capitão Ibrahim Traore, ao denunciar o assalto das potências coloniais sobre as riquezas do continente africano.
Burkina Faso se tornou independente da França apenas em 1960 e, até antes do líder Ibrahim assumir, era ocupado por forças francesas que detinham bases militares no país. O novo governo exigiu a retirada dos franceses e dá início a um esforço de desenvolvimento próprio.
Em ato com milhares dos seus compatriotas durante visita à região do Planalto Central, situada a cerca de 40 quilómetros da capital Ouagadougou, salientou que o país está lutando pela sua emancipação das garras das forças coloniais.
Segundo ele, os “imperialistas não querem ver a África se desenvolver”. “Cada vez que estabelecemos aqui uma pequena unidade industrial, as riquezas e os empregos desaparecem do ponto de vista dos interesses do imperialismo. Por exemplo, se criarmos aqui uma indústria de processamento de sésamo, significa que eles perdem esquemas noutros lugares”, explicou o Capitão.
“É por isso”, denunciou, “que estão criando agitação, roubando e saqueando os nossos recursos”.
O líder africano ressaltou que é através da pilhagem que muitos países ocidentais, embora sem grandes reservas de ouro, possuem ainda assim quantidades consideráveis desses recursos à sua disposição.
“O nosso dever é lutar pela nossa emancipação. Burkina será aquilo que nunca imaginaram que seria”, salientou o líder.
MINÉRIOS ASSUMEM PAPEL ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO
Ouro, manganês, fosfatos… São diversas as riquezas naturais de Burkina Faso cobiçadas pelo Ocidente. Transformar esta atividade em um dos motores do desenvolvimento social é o desafio que o governo busca, através de um vasto plano estratégico.
Em curto espaço de tempo, o ouro tornou-se a mais importante exportação do país, assumindo um papel estratégico. O primeiro-ministro Paul Kaba Thieba afirmou que se trata “de um setor que tem de ser competitivo, as condições têm de ser competitivas. Todo o quadro de infraestruturas de apoio – desde a eletricidade, à rede de água e às estradas -, todo o clima de negócios deve ser favorável. É nesse sentido que o nosso governo trabalha”.
ALIANÇA DE PAÍSES AFRICANOS DEFENDE RECURSOS REGIONAIS
Em defesa de sua soberania, as antigas colônias francesas vizinhas, Burkina Faso, Mali e Níger assinaram um pacto de defesa mútua, a Aliança dos Estados do Sahel, em 16 de setembro de 2023.
A aliança pediu aretirada das tropas francesas e norte-americanas da região, citando sua ineficácia no combate ao terrorismo, atividade usada como desculpa para controlar recursos da região.
O bloco visa fortalecer as capacidades de defesa, colaborar na lutacontra grupos estrangeiros, estabelecer um banco de investimento conjunto e compartilhar recursos para projetos de desenvolvimento econômico.
Mali é o quarto maior produtor de ouro da África e possui reservas significativas de lítio. O Níger é o sétimo maior produtor mundial de urânio. Burkina Faso é abundante em ouro, cobre e terras agricultáveis.