“Trabalhamos intensamente e temos todo o interesse em resolver os problemas desta empresa, porque ela é uma empresa estratégica de defesa e o Exército é o mais interessado em que isso se resolva da maneira mais rápido possível”, destacou o Comandante do Exército
O Comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou, em audiência na Câmara dos Deputados, realizada na semana passada, que o Exército está trabalhando para tentar interromper a venda da Avibrás, empresa de alta tecnologia, fabricante de equipamentos militares. “Estamos totalmente empenhados na solução dos problemas da Avibrás”, disse o comandante.
“Estamos trabalhando e temos todo o interesse em resolver os problemas desta empresa porque ela é uma empresa estratégica de defesa e o Exército é o mais interessado em que isso se resolva da maneira mais rápida possível”, destacou o general, ao responder a uma pergunta sobre a notícia de que a empresa estaria em dificuldades financeiras e que estaria sendo vendida para um grupo australiano.
A empresa está em dificuldades financeiras e chegou a anunciar a sua venda a um grupo estrangeiro. A perda da Avibras, uma empresa altamente especializada, é considerada extremamente prejudicial aos interesses da Defesa Nacional.
Ela é uma planta industrial que não está disponível comercialmente. Tem acesso restrito a tecnologias sensíveis na área de mísseis, incluindo propelentes e inerciais. Sua venda para uma empresa concorrente estrangeira está sendo apontada por especialistas como um episódio de autossabotagem contra o próprio Brasil.
Do ponto de vista geopolítico, a compra é considerada também uma grande jogada australiana. O país, influenciado pelos EUA, se defronta com um “entorno estratégico” conturbado, como é a região da Ásia-Pacífico.
Com a aquisição, a empresa australiana acessa um míssil pronto (o mais relevante já desenvolvido pelo Brasil), inclusive com sistema inercial (o MTC, desenvolvido com recursos públicos brasileiros), que pode ser convertido numa versão para equipar seu submarino em desenvolvimento no âmbito do AUKUS (aliança militar formada por Austrália, EUA e Inglaterra).
O professor Eduardo Siqueira Brick, de Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança na Universidade Federal Fluminense (UFF), alertou para a necessidade de maior envolvimento do Estado nacional neste assunto. Citando algumas empresas que passaram por graves crises nos últimos anos, como os casos emblemáticos da MECTRON e da própria Avibras, Eduardo Siqueira Brick reconhece que retomar o desenvolvimento de uma indústria que parou no tempo “é um processo de décadas”, que passa também pela modernização da infraestrutura que já existe.
“É necessário tomar uma decisão política, que virá necessariamente de Brasília”, argumentou. “Política de defesa não é atribuição das Forças Armadas, mas, sim, do Estado do Brasil. As Forças Armadas são instrumentos de defesa”, acrescentou o professor Eduardo Siqueira.
Os comandantes militares estiveram juntos e acompanhados pelo ministro de Defesa, José Múcio, na audiência com os deputados e responderam a vários outros temas. Questionado pelo deputado Eduardo Pazuello sobre uma suposta redução de abastecimento de água por parte da Força para regiões do Nordeste brasileiro, o comandante informou que não houve prejuízo algum a essas regiões porque a redução do abastecimento se deu devido a maior quantidade de chuvas e à queda da necessidade no abastecimento extra.
O comandante também rebateu às provocações do deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que insinuou que ele teria medo de Alexandre de Moraes. Em resposta, o general retrucou o parlamentar: “Nós comandantes, como qualquer um tem obrigação de obedecer decisões judiciais. Não há mal nenhum nisso”, disse.
“Temos vergonhas diferentes. A minha vergonha, por exemplo, é quando alguém não cumpre a ética militar. E eu estou aqui de cara lavada para falar para o senhor que, em sede de ética militar, eu nunca falei uma mentira para a minha tropa, para os meus soldados, para o meu pessoal. Tenho vergonha de, buscando popularidade, não cumprir a lei. Disto eu tenho vergonha: não cumprir uma decisão judicial”, acrescentou o comandante.
O Exército Brasileiro informou também que publicou regras para evitar o uso por militares das redes sociais com o intuito de propagar discursos de ódio fascista. Conforme as diretrizes divulgadas na última semana, comentários contendo mensagens que “incitem o ódio” serão “moderadas e/ou excluídas”, assim como aquelas que contenham “linguagem inapropriada”, “opiniões de cunho político ou ideológico” e até as que usem “informações e imagem de pessoas e instituições indevidamente”.
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o governo não esta nem ai isso é a verdade !!
O Brasil é quintal dos EUA. Vergonha!
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