
Sindicatos de estivadores da Itália adverte que fechará o porto de Veneza se Israel cortar a passagem da Flotilha Global Sumud, com mais de 30 embarcações que navega a Gaza com toneladas de ajuda para os palestinos
“As ameaças do ministro israelense aos ativistas da Flotilha Global Sumud são um grave ato de intimidação e uma confirmação da natureza criminosa do governo israelense. Mas também sinalizam a preocupação crescente dentro do governo de Netanyahu com as iniciativas humanitárias que estão mobilizando centenas de milhares de pessoas em todo o mundo e crescendo em intensidade a cada hora”, afirmou o sindicato Unione Sindacale di Base (USB), em comunicado.
Os “Centros Sociais do Nordeste” e o sindicato Adl Cobas se somaram à advertência, na terça-feira (2): “Declaramos que se a flotilha for parada nos mobilizaremos para bloquear o porto de Veneza”.
“Com a Palestina em nossos corações, a toda velocidade! Se eles bloquearem a Flotilha, nós bloquearemos tudo!”, frisaram em comunicado, informou o SWI swissinfo.
ATIVISTAS, ARTISTAS E POLÍTICOS DE 44 PAÍSES INTEGRAM A FROTA
A Flotilha Global Sumud, que transporta cerca de 200 ativistas, políticos e artistas de 44 países e ajuda humanitária para Gaza, partiu do porto de Barcelona no domingo, após uma grande manifestação em apoio à sua missão.
A atriz norte-americana Susan Sarandon, a ativista climática sueca Greta Thunberg, o ator irlandês Liam Cunningham, o ator espanhol Eduardo Fernandez e a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau estão entre os participantes da viagem.
Os membros da iniciativa responderam sem demora às declarações do Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, que ameaçou tratar os ativistas a bordo da flotilha como “terroristas” e apresentou um plano ao Gabinete Israelense que inclui mantê-los em detenção prolongada, de acordo com reportagem da Agência Anadolu.
“Esperamos que nossos governos ajam de acordo com seu dever institucional: defender e proteger seus cidadãos, que não estão fazendo nada de errado”, declarou Maria Elena Delia, porta-voz da flotilha na Itália, à EFE.
A porta-voz também alertou que qualquer prisão por Israel constituiria, em suas palavras, “na realidade um sequestro”, já que “não há crime”.
“Prender-nos como se fôssemos terroristas é um ato ilegal e absurdo. É ridículo chamar de terroristas homens e mulheres que querem levar alimentos e remédios a uma população levada ao limite de suas forças”, concluiu.
“SE PERDERMOS CONTATO BLOQUEAREMOS A EUROPA”
“Deve ficar claro para todos. Em meados de setembro, os navios chegarão perto da Faixa de Gaza, na zona crítica. Se perdermos contato com nossos navios, com nossos colegas, mesmo que por 20 minutos, bloquearemos tudo. Bloquearemos a Europa”, alertou Riccardo Rudino, representando o Coletivo Autônomo de Trabalhadores Portuários de Gênova (CALP), que também se soma às iniciativas de solidariedade com Gaza.
“Daqui, de 13 a 14 mil contêineres partem para Israel todos os anos. Bem, não sairá um único prego. Faremos uma greve internacional, bloquearemos estradas e escolas”, afirmou, acrescentando que “as ameaças do ministro deixam pouca margem para esperança. Mas é justamente por isso que devemos estar presentes e agiremos com determinação”.
Esta não é a primeira mobilização do Calp, que nos quase dois anos de genocídio israelense em Gaza bloqueou alguns carregamentos de armas e mercadorias destinados a Israel ou outros países.
Mais de 300 toneladas de ajuda humanitária foram coletadas em Gênova, nos dias que antecederam a partida da flotilha. Além disso, cerca de 40.000 pessoas, incluindo a prefeita Silvia Salis, participaram de uma passeata pelas ruas da cidade para acompanhar a ajuda arrecadada até o porto, segundo a EFE. “Tenho muito orgulho de ser prefeita desta cidade”, disse Salis. “A resposta que vimos nestes dias com a arrecadação de alimentos para a Palestina e a grande mobilização dos cidadãos que se manifestaram é realmente comovente”, afirmou.
Os organizadores afirmam que a flotilha será acompanhada por mais navios partindo de outras regiões da Itália e da Tunísia, elevando o total para mais de 500 pessoas e cerca de 60 embarcações. A expectativa é de que cheguem a Gaza em meados de setembro.