“Depois daquele elogio do Trump de ontem [terça-feira, 30], estou cada vez mais apaixonado por ele”, afirmou Jair Bolsonaro após a cerimônia de troca da Grande Guarda Presidencial.
A bajulação explícita de Bolsanaro ao presidente norte-americano aconteceu após os elogios de Donald Trump ao seu filho, Eduardo, que ele indicou para ser o embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
“Eu conheço o filho dele, eu acho que o filho dele é fantástico, um grande jovem. Estou muito feliz por ele ter sido indicado, espero que seja nomeado. Eu conheço o filho dele e é provavelmente por isso que ele foi indicado. Ele é fantástico, estou muito feliz”, disse Donald Trump.
“Não acho que é nepotismo, porque o filho dele ajudou muito na campanha. Ele é fantástico”, acrescentou Trump.
Apesar de elogiar Eduardo Bolsonaro, Trump disse que não tinha conhecimento do assunto: “Eu acho que é uma grande indicação, eu não sabia disso”.
Bolsonaro agradeceu o elogio. Antes de se dizer “apaixonado” por Trump, ele esteve em reunião com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, e disse que teve um ótimo encontro com o representante norte-americano. No mesmo dia, Ross se encontrou com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Mais preocupado em defender os interesses dos Estados Unidos do que os do Brasil, comentou que é necessário estar atento a “armadilhas” do acordo entre a União Europeia e Mercosul, que possam prejudicar a relação com os EUA.
“Todo mundo está preocupado com algumas armadilhas, todo mundo preocupado com isso aí, que você talvez possa, no acordo [União Europeia] com Mercosul, ter algum problema ao assinar um acordo com EUA. Isso vai em cima até numa questão de inteligência, todo mundo tem que se preocupar com isso daí, tem que saber se porventura há armadilhas ou se não há. A gente parte do princípio não há”.
Há uma semana, Bolsonaro confirmou que o nome do filho foi indicado para Washington, e que aguarda confirmação, contrariando o rito diplomático, no qual as indicações para embaixadas correm em segredo, até a aceitação, chamada “agrément”, do país anfitrião.
Bolsonaro afirmou que um dos objetivos para indicar seu filho ao cargo é viabilizar a exploração de minérios nas terras indígenas. Ele citou a reserva Ianomâmi e Raposa Terra do Sol como eventuais alvos de mineração de empresas “do primeiro mundo”.
“Terra riquíssima (reserva indígena Ianomâmi). Se junta com a Raposa Serra do Sol, é um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o ‘primeiro mundo’ para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA”, afirmou.
Após anunciar a indicação de Eduardo Bolsonaro para ocupar a embaixada brasileira em Washington, Bolsonaro se deparou com uma forte reação contrária de diplomatas, parlamentares, militares e diversas autoridades.
Na segunda-feira (29), o juiz André Jackson de Holanda Maurício Júnior, substituto da 1ª Vara Federal Cível da Bahia, deu prazo de cinco dias para Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), manifestarem-se sobre a indicação ao cargo de embaixador.
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