Com a França conflagrada contra o “presidente dos ricos Macron”, a polícia do regime neoliberal prendeu só na sexta-feira (7) mais de 700 estudantes, na tentativa inútil de deter a indignação de milhares de estudantes, que condenavam a truculência contra o protesto da véspera, repudiavam a reforma do ensino elitista Parcoursup e manifestavam apoio aos “coletes amarelos”, que voltam às ruas neste sábado. O primeiro-ministro Édouard Phillipe anunciou o envio de 89 mil policiais contra os novos protestos, que cada vez mais convergem para o “Renuncia Macron”.
Foram as “imagens chocantes” – a classificação é do próprio ministro da Educação de Macron – de um vídeo da repressão policial em uma cidade a 57 km de Paris, que levaram tantos estudantes de novo às ruas nesta sexta-feira.
Quase 150 adolescentes, com a mochila ainda às costas, foram forçados a ficarem ajoelhados por quatro horas, com as mãos na cabeça, cercados de policiais armados, porque, como registrou o Regards, “ousaram bloquear uma escola de ensino médio de Mantes-la-Jolieu”. Os estudantes do Liceu Saint-Exupéry foram “humilhados pela polícia”, assinalou o site.
Em outra cidade, dezenas de estudantes secundaristas ficaram “36 horas sob custódia policial por causa de uma pichação “Renuncia, Macron!” em um outdoor perto da escola, que estava bloqueada pelos alunos.
Cenas de descontrole dos esbirros de Macron contra os jovens, que se repetiram por todo lado, Paris, Marselha, Tolouse, Rennes e outras cidades, no que um analista chamou de “a democracia liberal descambando para o estado policial”. “Não cometa violência contra nossos filhos”, exigiu a bancada comunista a Macron.
As manifestações foram convocadas pelas entidades estudantis FIDL e SGL. O porta-voz dos secundaristas, Thomas Le Corre, afirmou que estão ocorrendo ocupações em escolas onde não havia histórico de mobilizações, “com os alunos se auto-organizando”.
Macron, que dizia que “não ia mudar de rumo” e depois tentou esvaziar os protestos dos “coletes amarelos” anunciando o adiamento por seis meses do imposto ‘ecológico’ sobre o diesel, recuou afinal, cancelando de vez o aumento. Um dos líderes dos “coletes amarelos” havia rejeitado a manobra: “não somos pardais, não queremos migalhas, queremos a baguete inteira”.
A onda de protestos já é a maior desde o ‘Maio de 1968’, com o “Renuncia Macron” se tornando a principal exigência. A popularidade do presidente banqueiro despencou para 23% e ninguém suporta seu elitismo e arrogância. Enquanto pretendia aumentar o imposto sobre o diesel de que a classe média baixa depende para se locomover nas cidades em que o transporte público é débil, o ecológico presidente cortou imposto dos mais ricos. Os manifestantes também repelem o aumento da idade de aposentadoria e denunciam a defasagem do salário mínimo e das aposentadorias. Os “coletes amarelos” foram impostos em 2008, ano do crash, sob pena de multa de 135 euros, e com um carimbo CE: comunidade Europeia.